“…a Internet é fator de desequilíbrio social ao reduzir ou até mesmo interromper as relações pessoais…”
Vários estados brasileiros estão adotando regras rígidas de proibição de uso de celulares pelos alunos em sala de aula e outros estendem a suspensão do aparelho também durante os intervalos, como forma de incentivar a integração social de crianças e adolescentes, em medida sábia que atende a recomendação de especialistas em psicologia e relações humanas.
Ainda que muitos alunos sintam falta do contato permanente com o aparelho, demonstrem ansiedade e até certo grau de abstinência, a medida é aprovada por mais de 80% dos responsáveis pelos alunos.
O elevado índice de aceitação da regra pelos pais e responsáveis comprova a tese de que existe dificuldade dos adultos em impor limites, sempre muito necessários, ao uso de equipamentos eletrônicos pelas crianças e adolescentes, uma vez que os próprios pais sofrem com a espécie de vício digital que assola grande parcela da população.
Assim como o rádio, no início do século 19, e depois a TV, a Internet é fator de desequilíbrio social ao reduzir ou até mesmo interromper as relações pessoais pelo diálogo e confidências que fortalecem vínculos familiares de confiança mútua, assim como os valores das amizades que equilibram a convivência.
Enquanto muitos professores e dirigentes do ensino público e privado brasileiro relutam em adotar limites claros quanto ao uso de celulares, que sabida e comprovadamente interferem no aprendizado e na qualidade das aulas, vários Estados americanos entram na justiça contra as gigantes da tecnologia para exigir reparação aos danos causados aos jovens.
Portanto, a decisão de interromper este ciclo vicioso e de dependência eletrônica que interfere na cognição de crianças e adolescentes deve ser rápida, imediata e definitiva, sob pena de mais uma vez frequentarmos a fila do atraso quanto à proteção dos nossos jovens.
Em país que tem praticamente metade da história marcada por ditaduras que impunham regras e limitavam as liberdades individuais, existe constrangimento em aplicar normas restritivas e, principalmente, de proibição, que em muitos casos se fazem necessárias.
Afinal, cabe ao Estado proteger a população dos usos, costumes e vícios que comprovadamente são nefastos à saúde e à coexistência sadia, adotando regras e medidas para que as pessoas não sejam cooptadas pelos interesses econômico e financeiro que movem os grandes conglomerados que dominam a tecnologia em escala mundial.