O acirramento político nacional marcado pela ideologia da direita e da esquerda, cuja grande maioria dos seus adeptos sequer conhece os princípios e valores que identificam cada posição, está dividindo o país, as cidades, amigos e até famílias que se digladiam em discussões inúteis e absolutamente sem sentido.
Em vez de defender os interesses coletivos representados pelo bom uso dos recursos públicos, pelos investimentos em qualidade de vida da população pela melhoria da saúde, da educação, da habitação e da segurança, os politiqueiros apaixonados defendem suas lideranças duvidosas.
Com os dois presidentes eleitos recentemente graças unicamente à rejeição do adversário, pois ambos carregam todas as defecções comuns à grande maioria dos políticos brasileiros, vivemos a dicotomia da defesa intransigente dos defeitos, dos erros e até da corrupção para justificar a preferência pelos nossos líderes de estimação.
Em vez de cumprir a regra básica da democracia, que consiste no direito e no dever do eleitor de cobrar o eleito, estamos nos especializando em relativizar as falhas e até os absurdos que cometem em nome de uma ideologia que sequer é aplicada no exercício do poder.
“…todo e qualquer direito individual tem seus limites estabelecidos até o direito do outro…”
Para aprofundar a nefasta divisão da sociedade em dois grupos antagônicos em guerra declarada, usa-se como arma principal a tecnologia da informação que, criada para fazer o bem, torna-se uma excrecência digital como meio de disseminação de mentiras e desinformação.
A polarização cultivada e mantida pela ignorância individual e coletiva chega ao absurdo de criar e replicar mentiras que são defendidas como direito de expressão, quando na verdade todo e qualquer direito individual tem seus limites estabelecidos até o direito do outro, como forma de salvaguardar o equilíbrio social.
A legislação brasileira é clara em aplicar conceitos universais de liberdade da manifestação do pensamento e de acesso, recebimento e difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, independente de censura, mas respondendo cada um pelos abusos que cometer, mostrando que a liberdade é limitada pelos crimes contra a honra, a dignidade e a democracia.
Diante da tragédia humanitária sem precedentes na história, causada pelas enchentes do Rio Grande do Sul, cabe às autoridades punir aqueles que, praticando a polarização da ignorância, estão politizando até mesmo o socorro oferecido às vítimas.
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