A palavra crise tem origem no vocábulo latino crísis, que significa “momento de decisão, de mudança súbita”, muito usado no contexto da medicina e no grego krísis para designar o momento da evolução de uma doença que se define entre o agravamento, e a morte, ou a cura, e a vida.
Portanto, a crise não significa necessariamente o negativo, pois como define a própria palavra, também representa a virada para a melhoria, a superação e a vitória sobre as causas deletérias que levaram uma situação ao extremo e ao momento de decisão entre perder ou ganhar, morrer ou viver.
A crise instalada no estado do Rio Grande do Sul por conta das enchentes causadas pelas chuvas e, principalmente, pela ocupação inadequada dos espaços dominados pela natureza, como as margens de rios e encostas de morros e montanhas, pode se tornar uma grande oportunidade para finalmente reverter e evitar os erros cometidos.
Como muito será reiniciado da estaca zero, abre-se a oportunidade para a reconstrução de forma consciente para garantir a segurança e a perenidade das novas moradias e até mesmo das novas cidades que deverão surgir a partir do caos criado pelos erros do passado.
“…oportunidade para a reconstrução de forma consciente para garantir a segurança e a perenidade…”
Considerando que o erro tem sua importância na percepção de que não representa expressamente a ausência do acerto, mas sim a parte integrante do crescimento humano e, por consequência, dos processos de aprendizagem, é preciso aprender com os quatro “R” da Reparação: Reconhecimento, Responsabilidade, Reconciliação e Resolução.
Reconhecer que a natureza não é domável, ter a responsabilidade de evitar os desafios contra as forças da mesma natureza, reconciliar-se com o conhecimento primitivo da convivência harmoniosa com a natureza e, finalmente, aplicar os mesmos conceitos como forma de resolução, ou de solução, para os novos projetos.
Em vez de reconstruir cidades às margens dos rios, deve-se reservar o espaço necessário para as enchentes, sem jamais ocupa-lo; em vez de usar as encostas para moradia, agricultura ou pecuária, deve-se reflorestar todos os morros e montanhas; em vez de impermeabilizar as ruas, os quintas e as praças, deve-se mantê-los livres para receber infiltração de águas.
Soluções simples como gramados e bosques, pavimento intertravado e grandes áreas de alagamento são medidas antigas, usadas no passado, e que devem ser adotadas no presente para que, mesmo com novas crises, tenhamos futuro.
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