A melhor e a pior escolha

A poucos dias das eleições municipais para escolha de prefeitos e vereadores, pequena parte da população se mantém em dúvida sobre em quem votar, representando aqueles que são apontados como indecisos nas pesquisas feitas pelos institutos especializados em intenção de voto e alvos dos últimos atos das campanhas.

Os que escolhem os candidatos no início, ou até antes das campanhas, invariavelmente são militantes ou correligionários de partidos ou grupos políticos, enquanto os que esperam para analisar as propostas são os mais críticos ou seletivos em suas escolhas.

Considerando que muitos eleitores votam por questões pessoais, de interesse familiar, por parentesco e amizade, enquanto outros fazem negociações e concessões durante o período eleitoral, são os indecisos que acabam decidindo muitas eleições na última semana ou até mesmo no dia do pleito, fazendo os candidatos investirem muito mais na reta final das campanhas.

Não por acaso, muitos candidatos contratam os chamados cabos eleitorais para trabalhar apenas no dia da eleição, exigindo o voto dele e também de familiares e amigos, sempre em troca da promessa de bônus extra em caso de sucesso nas urnas.

“…as muitas carências que permeiam a vida de grande parte da população são transformadas em moeda de troca…”

Ainda que a democracia seja o sistema de governo mais justo e eficiente, ao proporcionar o direito de escolha ao cidadão e garantir a alternância de grupos políticos e ideológicos no poder, as mazelas do próprio povo o transforma em refém dos políticos de má fé, que utilizam as deficiências do sistema público para auferir vantagens eleitorais.

A pobreza e a miséria, a falta de estudo e conhecimento e as muitas carências que permeiam a vida de grande parte da população são transformadas em moeda de troca para eleger os piores candidatos para os melhores cargos, denegrindo o já desgastado e desacreditado espectro político.

Para desacreditar ainda mais o processo democrático, o melhor entre os piores existentes no mundo, também os ditos letrados, os diplomados, os estudados e os bem situados economicamente são negociadores de votos e de apoio.

Em busca de emprego, pelo interesse econômico, pela vaidade, pela vingança ou pela inveja a outro líder ou grupo, muitos candidatos sem lastro moral ou capacidade para o exercício do cargo são abraçados de forma irresponsável por aqueles que, sabedores da incapacidade do escolhido, o vendem como a melhor escolha, sem revelar que o melhor é só para eles mesmos.

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Cláudio Pissolito

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