“…a sociedade atual dividida em grupos antagônicos que cultuam lideranças de baixa credibilidade…”
A lenda de que o Brasil foi colonizado inicialmente por presidiários e criminosos portugueses, o que teria desvirtuado a formação da sociedade, ainda que seja bastante exagerada, provavelmente carrega alguma verdade incômoda que se comprova pela própria história.
Afinal, as grandes aventuras perigosas e incertas que representavam as viagens marítimas do século 16 não atraiam apenas navegadores experientes, mas também aqueles que se arriscavam em busca de mudança de vida, da riqueza fácil ou para fugir dos rigores das leis que eventualmente tenham sido burladas.
Passados mais de 500 anos do início da colonização do Brasil, os seguidos governos, a sociedade sempre desajustada e o crime em permanente crescimento caminham entrelaçados pelos desmandos, pela corrupção, pela malversação do erário, pela violência e, principalmente, nas associação das instituições públicas com as organizações criminosas.
Desde o contrabando de ouro e pedras preciosas dentro de estatuetas religiosas, que originaram o termo “santo do pau oco”, passando pela cooptação de funcionários públicos, militares e policiais pelo crime, e chegando às propinas que encarecem obras e serviços, nosso país é pródigo em atividades criminosas.
Foi com esta cultura nefasta, de individualismo e corrupção, de falsificações e engodos, de violência e muita impunidade, que se formou a sociedade atual dividida em grupos antagônicos que cultuam lideranças de baixa credibilidade que flertam, praticam ou toleram todos os desmandos e descaminhos históricos.
Assim surgiram as milícias, foram criadas as bandas podres nas forças policiais, os grupos de interesse nas administrações públicas e privadas e se forjaram os poderosos populistas que se associam às forças corrompidas e corrompedoras para chegar ao poder.
Sem o julgamento correto da sociedade, também corrompida, a democracia se torna vítima e ferramenta da obscuridade que permeia a grande maioria das relações interpessoais, comerciais, financeiras, legislativas, judiciais e governamentais que deveriam zelar pela correção e pela justiça plena.
Sem o discernimento necessário entre o certo e o errado, o justo e o injusto, o probo e o desonesto, caminhamos para o caos social, econômico e moral, com as instituições falidas e corrompidas pelas organizações criminosas que se apropriam de maneira paralela e também direta do poder central que sustenta a perpetuação da República do Crime.
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