“…Em cidade pequena, como Palmital, é possível adotar o conceito “cidade-esponja” com relativa facilidade e baixo custo…”
O arquiteto paisagista chinês Yu Kongjian, que desenvolveu o conceito “cidades-esponja” adotado como política nacional pelo líder chines Xi Jinping, morreu na semana passada em acidente aéreo no Pantanal Mato-grossense, justamente na maior região de alagamentos do mundo que ele sonhava conhecer.
Entretanto, a morte abrupta deste sábio idealista do meio ambiente, que se inspirou na própria natureza para buscar formas de equilíbrio para o desenvolvimento econômico chines, serviu para divulgar as ideias e soluções inteligentes que criou, mas que pouco foram adotadas pelos governos mundo afora.
Cidades do interior de São Paulo, muito parecidas com Palmital, criadas a partir de meados do século 19, quando se iniciou o aproveitamento do solo e a subtração das águas para ampliação dos espaços urbanos, cada vez mais impermeáveis com pedras, concreto e asfalto, hoje sentem os efeitos do calor e dos alagamentos.
Exemplos recentes de tragédias no Litoral de São Paulo, no Rio de Janeiro e com mais expressão no Rio Grande do Sul, servem de alerta para essa verdade inconveniente que prova a necessidade de mudança imediata nas formas de manuseio e ocupação do solo.
Em cidade pequena, como Palmital, é possível adotar o conceito “cidade-esponja” com relativa facilidade e baixo custo aproveitando as redes de galerias pluviais existentes para a criação de áreas de infiltração em cada caixa de captação e retenção de águas, conhecidas como bocas-de-lobo.
A utilização das praças como depósitos subterrâneos de águas podem garantir a infiltração no subsolo para melhoria da drenagem e abastecimento dos lençóis freáticos mais próximos da superfície, de onde é possível captar água potável a custo muito menor e com mais segurança do que em poços profundos.
Outra sugestão é utilizar o espaço do campo do antigo PAC, para onde grande parte das águas pluviais urbanas são direcionadas, como área de retenção e infiltração que, com certeza, servirá para aumentar em muito a vazão das nascentes do Horto Florestal, que deve ser protegido das enxurradas que causam erosões e assoreamento.
Aproveitar as águas das chuvas e de descarte das residências para abastecer depósitos subterrâneos e acabar com as enxurradas que destroem os pavimentos e causam inundações são soluções simples e baratas que podem e devem ser adotadas e, assim, transformar Palmital na primeira “cidade esponja” do Brasil.
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