Este ano o acidente que matou todos os integrantes da banda Mamonas Assassinas completou 23 anos. Muitos fãs fazem homenagem para os ídolos até hoje. Em uma carta psicografada, o baterista Sérgio Reoli deu detalhes do dia em que a tragédia aconteceu e como está hoje no segundo plano. A divulgação da carta é do site Espiritismo em Monte Carmelo.
“Mamãe Dimarice, Papai Francisco, é melhor sentir que estamos vivendo um daqueles momentos de alegria nos cômodos de nossa casa. Assim devo chamá-los de Nena e papai Ito.
Sr. Ito, pai, amigo, irmão, preciso esclarecer que estávamos certos de cumprir mais um compromisso. Saímos [Mamonas Assassinas] de Brasília certos de poder chegar em nossa casa sem dificuldade. O que fazíamos pode passar ou pode fazer com que passe pelas cabeças idéias infelizes. Nos acomodamos no avião, sem qualquer atitude que pudesse provocar qualquer transtorno, eu, o Sam, o Dinho, o Júlio e o Bento. Nos sentíamos cansados e falávamos sobre isso. Sei que ainda rola papos infelizes na tentativa de buscar falhas em quem não as têm.
Não estou trazendo qualquer notícia contra o comandante Jorge ou contra a Torre. Não me cabe condenar sem conhecer os verdadeiros fatos. Eu e o Samuel, nosso Sam, temos aprendido que Deus precisa dos filhos e resolveu chamá-los. Não fique imaginando dor que não sentimos. Ficamos sim, assustados quando colocamos os pés no chão da realidade; aí já viu, foi como perder tudo. Não nos incomodava a perda do sucesso [dos Mamonas Assassinas], das atenções, do destino, mas a ausência daqueles que sempre desejamos manter ao nosso lado. Graças a Deus, aquela carretagem total no momento do susto maior terminou.
O que fazer, papai Ito? Estamos vivos e podemos encontrá-lo. Sabemos que caminhamos num tempo difícil, num tempo de lágrimas e dúvidas, mas vamos vencer mais essa. Afinal, eu sei que vocês confiam na minha coragem. Devo voltar ao assunto do acidente [dos Mamonas Assassinas], confirmando que nos assustamos quando notamos que estávamos aterrissando. Não nos passou em momento algum que algo de errado pudesse estar acontecendo e todos confirmamos que somente nos foi possível escutar o estrondo e daí foi como se estivéssemos esquecidos de nós mesmos, porque nada sentimos, nada vimos.
Há poucos dias [do acidente que matou os integrantes da banda Mamonas Assassinas] é que nos foi dado saber das condições que ficaram os corpos. Aprendemos que eram eles roupas que nos vestiam e que se estragaram naquele momento (…)
Dona Nena, não fique tão preocupada [com o acidente dos Mamonas Assassinas]. Nós nos amamos, mãe. Imaginemos o encontro de Nossa Senhora com Jesus. Um dia a gente vai se encontrar e vamos ver esse tempo como necessário. A saudade é muita. Quero agradecer a todos que não nos têm esquecido e aos quais pedimos lembrar de minha família com suas orações, porque sei que serão capazes de compreender o sofrimento dos meus.
Quanto aos que ainda persistem no pensamento infeliz de que falamos [a banda Mamonas Assassinas] e cantamos tantas besteiras e que foi essa a causa de nossa morte, ficamos pensando: se bobagens ditas matassem, a Terra já não mais estaria habitada. (…)
Abraços a todos com eterno agradecimento e que não pensem que estaremos aqui sem vontade alguma de sermos felizes. Filhos de Deus que somos não nos deve faltar vontade de alegria. Lembrança de carinho a todos. Quando Deus me permitir, volto a escrever.
Sérgio Reis de Oliveira (Reoli)”, falou o baterista dos Mamonas Assassinas.
A carta do integrante do Mamonas Assassinas foi feita em novembro de 1996. Meses depois que o acidente aconteceu.