O Gaia, um veículo elétrico totalmente inovador que roda 200 quilômetros com R$ 8 e pode ser compartilhado via aplicativo, começa a ser vendido em quatro meses no Brasil e tem como um dos sócios um empresário de Campinas.
O veículo não é um carro nem uma motocicleta, tem três rodas — duas na frente e uma atrás, além de um design de veículo esportivo. Batizado como Gaia, o veículo elétrico carrega até duas pessoas e apresenta inovações tecnológicas que garantem mais economia no bolso, versatilidade e agilidade, e ainda é ecologicamente correto, já que não emite poluentes.
O empresário Eduardo Lelis, de Campinas. É um dos sócios da solução de mobilidade desenvolvida em uma startup para preencher uma lacuna no mercado, deixada entre as categorias de veículos de duas rodas e os carros tradicionais.
O modelo começou a ser produzido na fábrica da startup Gaia Electric Motors, em Manaus (AM) e deverá ser vendido em diversas cidades do País, incluindo Campinas, que ganhará uma concessionária em 120 dias.
Segundo Lelis, o Gaia é 100% conectado à internet por meio de um chip e não possui chave física. “Por meio de um aplicativo próprio, o proprietário pode compartilhar o acesso com outras pessoas, seja por WhatsApp ou e-mail”, afirmou.
ECONÔMICO
Outra vantagem é que esta solução é muito econômica. Com uma carga de oito horas seguidas, feita em tomadas comuns, o veículo não depende de infraestrutura pública de carregamento e possui autonomia para circular por aproximadamente 200 quilômetros, a um custo médio de R$ 8,00.
Lelis destacou que é o primeiro veículo elétrico do Brasil que não possui chave física e é compartilhável com outras pessoas mediante envio de autorização pela Internet. “Ele apresenta-se como uma plataforma de mobilidade por suas características, as quais se assemelham mais às de um gadget do que de um veículo tradicional”, explica o empresário.
Gadget é uma gíria tecnológica para designar dispositivos eletrônicos portáteis (PDAs, celulares, leitores de MP3 etc.), criados para facilitar funções específicas e úteis no cotidiano, que possuem inovações tecnológicas e são produzidos de modo inteligente ou com desenho mais avançado.
O protótipo foi apresentado na Automotive Business Experience (ABX) 2019, em abril, em São Paulo, onde a pré-reserva das unidades já teve início por meio do site: http://gaiaelectric.com.br/, mediante depósito reembolsável de R$ 300,00.
FUTURISTA, LEVE E ACESSÍVEL
O veículo foi projetado para ser mais leve que os automóveis comuns – pesa menos de 500 quilos. O objetivo é de viabilizar uma motorização elétrica por um valor mais acessível que o existente no País.
Possui dois motores elétricos com 40 KW de potência máxima, garantindo um desempenho comparável ao de um carro com motorização 1.6, porém com zero emissão de poluentes.
O dispositivo é 100% conectado à internet por meio de um chip e opção de compartilhamento com outros motoristas via app, evita a ociosidade do veículo. “É possível autorizar outros condutores a utilizá-lo e personalizar as especificações para o uso, por região e horário, por exemplo”, afirma Ivan Gorski, fundador e CEO da Gaia Electric Motors.
Além disso, o proprietário tem total acesso ao seu veículo e recebe alerta pelo celular caso ele apresente alguma atividade irregular, o que contribui para minimizar questões de segurança.
Gorski destacou que o veículo é diferente de tudo que existe hoje no Brasil. “Possui uma estrutura parcialmente aberta, três rodas e tem capacidade para duas pessoas. O design futurista é assinado por um escritório polonês especializado em veículos esportivos”, comentou.
O Gaia tem como diferencial também a segurança necessária para o tráfego, inclusive em rodovias, uma vez que ele pode chegar a até 130 quilômetros por hora.
PLATAFORMA
Segundo o idealizador da solução de mobilidade, a startap Gaia Electric Motors não é uma montadora, e sim uma empresa de tecnologia e mobilidade. “O Gaia faz parte de uma plataforma completa de mobilidade que inclui hardware e software, podendo ser facilmente implementada pelo País, seja em grande ou pequena escala”, comentou.
O veículo é considerado uma motocicleta pela legislação brasileira, e, para conduzi-lo, é necessário ter habilitação na categoria A. “Como as motocicletas possuem incentivos fiscais no polo industrial de Manaus, tal classificação ajudou a reduzir o custo do produto”, disse Gorski.
SISTEMA DE PRÉ-RESERVAS
A ideia do idealizador do Gaia é suprir inicialmente as empresas interessadas em oferecer serviços por meio da plataforma, bem como os investidores que queiram construir a infraestrutura de serviços de mobilidade em suas regiões. “Como tivemos muita procura também por consumidores e clientes pessoas físicas, optamos por habilitar um sistema de pré-reservas que já conta com mais de 300 inscritos desde o lançamento no evento”, afirmou.
Quanto a valores de aquisição, o veículo deve ser também mais barato em relação aos de mercado. “Deverá custar metade do preço de um automóvel elétrico no Brasil, na faixa de R$ 80 mil.”, esclareceu Gorski. “Obviamente, através da economia compartilhada, esse custo é facilmente diluído”, reforça o CEO da empresa.
DEMANDA DA GERAÇÃO MILLENNIALS INSPIROU GORSKI
O Gaia é fruto de uma demanda pessoal de Ivan Gorski. Executivo internacional de carreira em empresas de tecnologia e Internet como UOL, Yahoo e LinkedIn, ele enxergou uma demanda entre os Millennials (ou geração Y, os nascidos após o início da década de 1980 até ao final da década de 1990) como ele próprio.
Gorski é desta geração Y, que apresenta comportamento de consumo peculiar: prefere uma experiência positiva à posse de algum bem de luxo, como um carro, e privilegiam alternativas sustentáveis.
“Percebi que a indústria automotiva abandonou essa categoria. Hoje, o acesso por parte de jovens em seu primeiro emprego a um veículo zero quilômetro é praticamente impossível, porque é algo muito caro. Essa geração perdeu os laços com a propriedade do produto e passou a valorizar o compartilhamento”, afirma.
CULTURA DE INOVAÇÃO
Dessa forma, Gorski e os demais membros da equipe desenvolveram o conceito a partir de uma cultura de inovação, unindo a infraestrutura necessária em hardware e software para atender esse público jovem e conectado, impulsionando a adoção da mobilidade elétrica no País.
“Queremos liderar a transição de uma indústria bastante tradicionalista como a automotiva nesta 4ª Revolução Industrial – a da Internet das Coisas – transformando o Gaia em uma opção natural de transporte para a próxima geração”, explicou.
META OUSADA: R$ 1 BILHÃO EM CINCO ANOS
O objetivo dos sócios da Gaia é elevar a plataforma para um nível de escala nacional, gerando grande volume de negócios no País. A meta é construir um negócio de R$ 1 bilhão em cinco anos, aproveitando o fato de a indústria automotiva atual avançar lentamente em relação à geração jovem. Fundada em 2018, a empresa já passou por duas rodadas de investimentos e foi avaliada em R$ 10 milhões em abril deste ano.
Formada por acionistas e investidores brasileiros, dentre os quais o empresário de Campinas, Eduardo Lelis, a Gaia Electric Motors é uma empresa de tecnologia provedora de soluções para mobilidade elétrica. Com a participação de engenheiros e colaboradores do mundo todo, a Gaia é a primeira empresa de capital e controle nacional a introduzir no País um veículo com chip de internet integrado, além de aplicativo próprio de compartilhamento.
O idealizador do Gaia foi Ivan Gorski, de 32 anos, que fez carreira em empresas de tecnologia como UOL, Yahoo! e LinkedIn. Estudou Artes e se formou em Comunicação, com MBA em Gestão de Negócios pela FGV. Em sua trajetória, recebeu prêmio em 2009 pelo fundador do Yahoo!, Jerry Yang, ao liderar a inclusão de usuários em lan houses na América Latina. Foi gerente de Operações para América Latina do LinkedIn de 2012 até 2018, na divisão de Publicidade, e visitou diversos países na América, Europa e Ásia.
Lelis, em julho de 2014, inaugurou em Campinas concessionárias exclusivas da marca italiana Ducati, mundialmente conhecida fabricante de motocicletas, onde é diretor comercial da loja.
SAIBA MAIS
Conforme o relatório Electric Vehicle Outlook 2017, realizado pela Bloomberg New Energy Finance, em 2040, os carros elétricos corresponderão à metade das vendas de automóveis zero-quilômetro, e um terço da frota no mundo será movido à eletricidade. O estudo aponta que, para o consumidor final, até 2030, o carro elétrico terá o mesmo valor ou será até mais barato que o carro à combustão. Isso sem demandar de subsídios governamentais.
Já os mais recentes dados do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) mostram que em 2017 os automóveis comuns de passeio foram responsáveis por quase 75% da emissão dos gases poluentes na atmosfera da cidade de São Paulo, alçando-os à categoria de principais causadores de complicações respiratórias na população.
Fonte: Correio Popular