A paralisação de serviços não essenciais, como bares, lanchonetes e restaurantes, está causando transtornos a trabalhadores que necessitam do setor para manter suas atividades durante a quarentena para evitar a propagação do coronavírus. Um setor diretamente afetado é o transporte rodoviário, pois os caminhoneiros que circulam pelas estradas do Brasil estão enfrentando dificuldades em obter alimentos nas viagens. Porém, há casos em que a solidariedade supera os desafios e mostra a importância da categoria para manter as cidades abastecidas na luta contra a doença.
Em Palmital um motorista usou seu tempo de folga no domingo (29/03) para produzir alimentos e fazer a entrega de 200 marmitas a caminhoneiros que passavam pela rodovia Nelson Leopoldino, que faz a ligação entre o Paraná e a Raposo Tavares. Wagner da Silva Cuba, de 35 anos, disse ao JC que é motorista rodoviário e, por estar sempre na estrada, constatou que os caminhoneiros estão enfrentando grandes dificuldades para obter alimentação, pois muitos restaurantes de postos estão fechados.
No domingo, o motorista teve a ajuda da esposa Crisneide Patrícia Guedes e dos amigos Arlindo Barbosa e Adelita Silva para produzir refeições que foram distribuídas gratuitamente na rodovia. Wagner disse que custeou do próprio bolso aos alimentos básicos e conseguiu apoio de um açougue para fornecer a carne, além de receber marmitas de isopor doadas por empresa de Palmital. O caminhoneiro de Palmital também conseguiu água e refrigerante, doados por amigos, estabelecimentos comercias e pessoas da comunidade.
No horário do almoço, Wagner, a esposa e amigos enfrentaram chuva para fazer a entrega de 150 marmitas a caminhoneiros que passavam pela rodovia Nelson Leopoldino, no trevo de acesso ao bairro da Água das Três Ilhas. No jantar foram produzidas mais 50, também distribuídas aos motoristas de caminhões que passavam por Palmital. A ação teve grande repercussão em redes sociais, com pessoas ressaltando o ato de solidariedade e a importância da categoria para o país.
Wagner disse que, durante a meio da semana tem dificuldade para manter o trabalho solidário de apoio aos companheiros de profissão, pois tem de trabalhar para sustentar sua família. Na manhã desta segunda-feira (30/03), ele estava em viagem e atendeu à reportagem do JC durante uma parada no Estado do Paraná. “Mas no próximo final de semana, se eu estiver em casa, pretendo fazer novamente”, destacou o motorista.