Suspeito de usar ‘pau da cura’ em clínica clandestina é preso ao fingir ser paciente

O último envolvido no caso de uma clínica de reabilitação clandestina, fechada em 2018 pela Polícia Civil após denúncias de tortura e pedidos de ajuda feitas pelos próprios pacientes, foi preso. O antigo monitor do local, de 29 anos, foi encontrado em uma clínica de reabilitação em Itanhaém, no litoral de São Paulo, onde se passava por paciente de acordo com a Polícia Civil.

 

Em entrevista ao G1 neste sábado (25/04), o delegado Arilson Veras Brandão, responsável pelo caso, explica que esta foi a última prisão da operação ‘Internação Involuntária’. “Foi feito um trabalho de campo e pesquisa até chegar na clínica onde ele foi encontrado, se passando por paciente. Ele estava escondido alegando ser usuário. Acreditamos que os donos dessa comunidade terapêutica não soubessem que ele era procurado”, esclarece o delegado. A operação já tinha prendido quatro envolvidos, donos e monitores, no início de março.

 

De acordo com a Polícia Civil, eles foram informados de que o homem poderia estar escondido em uma clínica de recuperação naquela cidade e se dirigirem até o local. Na clínica, souberam que ele foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento após se queixar de problemas de saúde. Os policiais ficaram nos arredores da unidade, onde localizaram ele em uma via pública, onde foi capturado.

 

O monitor tinha mandado de prisão por tortura, cárcere privado e associação criminosa. A clínica para dependentes utilizava o método ‘pau de cura’ como forma de torturar pacientes. O valor cobrado dos familiares era de R$ 2 mil.

 

A clínica, que ficava localizada em Itariri, região do Vale do Ribeira , interior de São Paulo, foi fechada após as denúncias feitas por pacientes que afirmaram serem vítimas de tortura. O local estava em condições irregulares.

 

De acordo com o delegado, o monitor não foi preso com os donos no início das investigações. Eles, que foram liberados em seguida, voltaram a ser presos após uma denúncia do Ministério Público e a conclusão das investigações. “A identidade dele [monitor] só foi descoberta posteriormente com dados telefônicos, no meio da investigação”, esclarece o delegado. Arilson explica que o monitor foi o último preso da operação.

ENTENDA O CASO

Em 2018, no dia do fechamento da clínica, a Polícia Militar e Civil encontrou 16 pessoas internadas, entre eles seis menores de idade. O ambiente estava sujo e mal conservado, de acordo com os policiais, havia uma piscina sem proteção para evitar eventuais acidentes e remédios espalhados por todos os cômodos do imóvel, sem qualquer controle.

 

Três cuidadores responsáveis pelos pacientes, eram também internos, que passavam por tratamento e ficaram com a obrigação de cuidar dos colegas. O trio foi enquadrado como testemunha do caso, já que não foi comprovado qualquer vínculo com os responsáveis pela clínica.

 

Os pacientes ainda alegaram que eram agredidos com pedações de madeira. O ‘pau de cura’ era um pedaço de madeira com inscrições como ‘A cura’ e ‘Só por hoje’. No local também foram apreendidos um taco de beisebol de plástico e um facão, apontados pelos pacientes como objetos de tortura. Todos os objetos foram encontrados no local e apreendidos como provas.

 

Os internos ainda alegaram que recebiam medicamentos controlados aleatoriamente, sem orientação médica. Outro relato feito por pacientes, é de que eles eram jogados na piscina durante a noite, enquanto dormiam.

 

As vítimas também informaram pouco contato com familiares, e que, quando ocorriam ligações, eram feitas sob supervisão dos responsáveis pela clínica, que os ameaçavam para dizer que estavam bem e se recuperando. Parentes, em contato com a polícia na época, afirmaram desconhecer as agressões. Segundo a polícia, eles ainda eram alvos de xingamentos e agressões verbais, rotineiramente, pelos funcionários.

 

A prefeitura foi acionada para realizar uma força-tarefa em conjunto com a polícia, e conselheiros tutelares ficaram com a responsabilidade de cuidar dos menores, enquanto médicos, psicólogos e psiquiatras fizeram a assistência dos adultos, até que os respectivos familiares se apresentassem na delegacia para acompanhá-los. A clínica que não tinha licença para funcionar, foi fechada, e o dono da chácara, comunicado.

Fonte: G1

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