Bioquímico é deficiente auditivo e usa máscara transparente para se comunicar
O bioquímico Alisson Santos foi na quinta-feira à tarde fazer compras no mercado. Como sempre estava de máscara, mas mesmo assim foi barrado na entrada. Deficiente auditivo, ele estava com uma máscara transparente, assim como a esposa, Aline. A máscara, embora seja tão eficaz quanto as outras na proteção contra os vírus, permite a leitura labial.
As máscaras inclusivas, produzidas pela Uni Máscaras, são de plástico transparente. Não foi a primeira vez que o casal teve problemas no comércio. Aline, que é ouvinte, também foi barrada antes pela máscara transparente e teve que trocar pela de pano – o que impede que ela se comunique com surdos.
“Infelizmente, o comércio não está preparado para atender deficientes auditivos. Nos lugares que já fui, todos funcionários estavam usando máscara tradicional. Para surdos que necessitam fazer a leitura labial nem conseguem solicitar o serviço”, diz Alisson. Segundo ele, até os surdos usuários de Libras enfrentam dificuldade, pois a maioria dos estabelecimentos não conta com intérpretes.
Alisson conta que a dificuldade já vem desde antes da pandemia. “Os comércios precisam adaptar um certo grupo de funcionários com proteção e utilização de máscara transparente. Locais como posto de gasolina e cartórios, são lugares que exigem troca de informação”, afirma ele, em entrevista por escrito ao Plural.
Com o coronavírus, a situação só piorou. “Eu sempre que preciso abastecer o carro ou fazer compras preciso que minha esposa esteja junto para me auxiliar na comunicação, uma vez que a máscara de pano impede que faça a leitura labial das pessoas. Por isso comprei a máscara inclusiva, para que eu e ela possamos nos comunicar ao sair”, afirma. “Mas se somos barrados nos estabelecimentos, como posso fazer então? Onde fica meu direito e independência? Onde está a inclusão?”
FONTE: Plural