Software israelense que recuperou mensagens apagadas de Jairinho e Monique foi fundamental para a prisão do casal, diz delegado

Antenor Lopes afirma que mensagens não deixam dúvidas de que Henry foi assassinado. Casal foi preso na manhã desta quinta-feira.

O delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), disse que o software israelense Cellebrite Premium que recuperou mensagens apagadas dos celulares de Dr. Jairinho (vereador expulso do Solidariedade) e Monique Medeiros foi fundamental para a prisão do casal nesta quinta-feira (8). Para a polícia, não há dúvida de que Henry Borel foi assassinado no início de março pelo padrasto e pela mãe.

“[O software] Contribuiu de maneira muito importante para a investigação”, afirmou.

Caso Henry: entenda a tecnologia usada pela polícia para recuperar mensagens em celulares
Caso Henry: entenda a tecnologia usada pela polícia para recuperar mensagens em celulares

A importância do uso do software na elucidação no caso foi antecipado pela colunista Berenice Seara, do jornal “Extra”, na manhã desta quinta (8).

  • ENTENDA: o software usado para investigar celulares no caso Henry
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Ainda durante a coletiva desta quinta (8), o delegado Henrique Damasceno disse que a polícia encontrou uma conversa do dia 12 de fevereiro que relata agressões de Jairinho.

Por mensagens trocadas com Monique, a babá narrou em tempo real o que acontecia na casa no dia 12 de fevereiro. Segundo a conversa recuperada pela polícia, após ter ficado trancado com Jairinho em um dos quartos, o menino disse que levou uma rasteira e chutes.

“Nós encontramos no celular da mãe prints de conversa que foram uma prova extremamente relevante, já que são do dia 12 de fevereiro. E o que nos chamou a atenção é que era uma conversa entre a mãe e a babá que revelava uma rotina de violência que o Henry sofria. A babá relata que Henry contou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma rasteira e o chutou. Ficou bastante claro que houve lesão ali. A própria babá fala que o Henry estava mancando”.

Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão
Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão

O laudo da morte de Henry, levado pelo casal já sem vida a um hospital na madrugada de 8 de março, aponta sinais de violência. No dia, só Jairinho, Monique e a criança estavam no apartamento. O casal foi preso temporariamente nesta quinta-feira (8) por suspeita de homicídio duplamente qualificado de Henry e por tentar atrapalhar as investigações.

“Hoje temos todos os elementos probatórios e podemos sim afirmar que temos provas que essa criança [Henry] foi assassinada e não foi vítima de um acidente doméstico. O Cellebrite foi uma prova técnica essencial, muito forte, onde o delegado [Damasceno] embasou seu pedido de prisão, que é corroborado pelo Ministério Público e acabou sendo deferido pela juíza do 2º Tribunal do Júri”, disse Lopes.

“As demais provas técnicas da simulação e laudos médicos legais estão sendo finalizados e serão oportunamente juntados aos autos”, completou.

O delegado conta que havia um processo de licitação para a compra desse equipamento de rastreamento que estava parado havia mais de dois anos.

“O governador Cláudio Castro, sensibilizado com esse caso, liberou verba no último dia 31 e conseguimos adquirir esse equipamento de última geração, que foi fundamental para o esclarecimento desse caso. Conseguimos obter provas importantíssimas que levaram o delegado a solicitar o pedido de prisão à Justiça. O Ministério Público nos apoiou integralmente e hoje efetuamos a prisão do casal”, disse o diretor do DGPC.

Em entrevista ao rádio Band News, nesta manhã, Lopes elogiou o trabalho técnico e competente da equipe da 16ª DP ( Barra da Tijuca), que teve à frente o delegado Henrique Damasceno.

Troca de mensagens entre Monique Almeida e Thaina Ferreira, babá de Henry — Foto: Reprodução
Troca de mensagens entre Monique Almeida e Thaina Ferreira, babá de Henry — Foto: Reprodução

Corpo da criança no IML

O delegado contou que na véspera da prisão, a polícia conseguiu um importante depoimento de um executivo da área da saúde confirmando que Jairinho tentou liberar o corpo do menino no Hospital Barra D’Or sem que ele passasse pelo Instituto Médico Legal (IML).

VÍDEO: Executivo afirma que Dr. Jairinho pediu agilidade para emissão de atestado de óbito de Henry
Executivo afirma que Dr. Jairinho pediu agilidade para emissão de atestado de óbito de Henry

“Ou seja, o corpo não sofreria a perícia e não teríamos como afirmar que essa criança foi assassinada. Mas isso não ocorreu. A equipe do Barra D’Or foi extremamente profissional. O próprio executivo foi profissional e cuidadoso. Ele percebeu que o pedido não tinha razoabilidade e colaborou com as investigações. É mais uma prova importante”, disse Lopes.

Ele disse que as investigações sobre o caso continuam e que espera concluir o inquérito nos próximos dias para que o casal seja levado à Justiça e julgado pelo crime.

“As mensagens que foram obtidas através de uma prova técnica de fato comprovam que essa criança vinha sofrendo agressões dentro do apartamento. Agressões praticadas pelo vereador e médico Dr. Jairinho. Todas as provas técnicas serão juntadas ao inquérito policial, mas neste momento podemos afirmar sim que houve toda uma arquitetura incompreensível caso fosse um acidente, a combinação de depoimentos. Algo que não se espera de uma família enlutada. Todas as provas técnicas estão sendo finalizadas”, disse Lopes.

O delegado declarou ainda que pode afirmar que a mãe de Henry tinha conhecimento das agressões.

“E como ela é mãe, essa omissão dela é realmente relevante. Por isso, ela está sendo responsabilizada nesse ato por esse crime. O casal parecia bem unido até no momento da prisão, eles estavam dormindo juntos na casa da tia de Jairinho. E mesmo depois da morte do menino, a mãe apresenta a todo momento essa versão protegendo o vereador”, disse Lopes, acrescentando que não há nenhuma prova que mostre que Monique estava sendo ameaçada por Jairinho, caso procurasse a polícia.

O delegado disse que vai tentar esclarecer se houve alguma ameaça por parte de Jairinho à babá, que teria mentido em seu depoimento na delegacia. A polícia está finalizando apurações técnicas e juntando laudos complementares ao inquérito.

“O inquérito ainda não está 100% encerrado, ainda faltam algumas diligências, que nós esperamos que sejam concluídas nos próximos dias”, disse Lopes.

O que dizem os citados

O advogado de defesa do Dr. Jairinho e de Monique Medeiros afirmou que os clientes não têm nada a esconder sobre a morte do menino.

Dois dias antes de ser presa, a mãe de Henry criou um perfil em uma rede social com o nome do filho. Nas publicações, além de homenagens ao menino, Monique afirma que o casal é inocente e que quer justiça.

Relembre o caso

VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio
O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio

Henry Borel, de 4 anos, morreu na madrugada do dia 8 de março, após ser encontrado pela mãe caído em um dos quartos do apartamento onde vivia com ela e com seu padrasto. O laudo do Instituto Médico-Legal aponta “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.

O boletim do hospital, onde Henry chegou às 3h50, informa que Monique e Jairinho disseram ter ouvido barulho emitido pela criança e se levantaram para ver o que aconteceu no quarto.

A médica Viviane dos Santos Rosa relatou que Monique e Jairinho disseram que encontraram a criança mole “após ouvirem um barulho no seu quarto sem resposta ao chamado da mãe”.

No entanto, no depoimento à polícia, o casal não mencionou qualquer barulho feito pelo menino.

Fonte: G1

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