Advocacia requer sacrifícios

*José Renato Nalini

            A profusão de Faculdades de Direito de que o Brasil dispõe ainda é uma opção preferencial de quem pretende cursar uma Faculdade. Só que a usina geradora de mais de um milhão e duzentos mil advogados faz com que a profissão já não seja o filão que foi em outras eras.

            Recente pesquisa mostrou que 44% dos advogados ganham até R$ 2.500 mensais. 26% percebem de R$ 2.501 a R$ 5.000 por mês. 11% alcançam até R$ 7.500, 7% estão na faixa de R$ 7.501 a R$ 10.000 e só 11% conseguem rendimento mensal acima disso.

            Dois terços dos advogados atuam de forma autônoma. Não estão vinculados a escritórios. Os grandes grupos absorvem a nata dos estudantes, aqueles que fizeram os melhores cursos e não se contentaram com o conteúdo curricular, mas procuraram abeberar-se em outras fontes.

            Quase todos os entrevistados registraram redução de renda durante a pandemia. Já ninguém acredita naquele sucesso estrondoso dos grandes causídicos cujos clientes são figuras exponenciais na política ou no empresariado e que garantem honorários vultosos.

            A formação bacharelesca ainda prestigia o aprendizado à luz da legislação, doutrina e jurisprudência, pouco se importando com a evidente mutação da sociedade, imersa de forma irreversível nas Tecnologias da Comunicação e Informação, resultado da Quarta Revolução Industrial.

            Outro interesse que os jovens do bacharelado precisam cultivar é o da composição consensual de controvérsias. É muito melhor exercer uma advocacia de prevenção e de precaução, em lugar da advocacia reativa, a ser oferecida exatamente quando a situação deixou de permitir uma solução pacífica.

            O custo do trâmite de um processo judicial é muito grande e o custo em termos de angústia, impaciência, irritação pela invencível lentidão é algo incalculável.

            Os bons advogados do futuro serão aqueles que conseguirão administrar a vida de seus clientes mediante regular e contínuo assessoramento, para evitar que eles pratiquem atos que venham a prejudicar suas finanças, sua vida familiar, seu patrimônio ou até por em risco a sua liberdade.

            Litigar é sempre um problema. Conciliar é sempre uma solução.

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.

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