Vítima de 17 anos denunciou Fulvio Cuba do Amaral (PSDB) por assédio durante o trabalho em Cerquilho (SP). Jovem disse ao G1 que o parlamentar ofereceu R$ 500 para que ela tivesse relações com ele. Vereador nega o crime.
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A Câmara Municipal de Cerquilho (SP) abriu uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar a conduta do vereador Fulvio Cuba do Amaral (PSDB), suspeito de assediar uma adolescente de 17 anos durante o trabalho.
A situação ocorreu no dia 31 de março deste ano, dentro da farmácia do vereador, onde a jovem trabalhava. Na época, a vítima contou ao G1 que o parlamentar chegou a oferecer R$ 500 para que ela tivesse relações com ele.
Depois disso, a jovem pediu demissão e contou sobre o assédio aos pais. Ela registrou um boletim de ocorrência, fez uma postagem sobre o ocorrido nas redes sociais e a defesa dela entrou com um pedido de cassação e afastamento provisório do vereador na Câmara, no final de abril.
Em um áudio enviado à vitima, o vereador também pediu que a adolescente de 17 anos não o denunciasse por assédio
Ao G1, a defesa do vereador Fulvio informou que vai apresentar as provas necessárias na CEI, “acreditando que, após uma análise justa, o procedimento será improcedente, tendo em vista a inocência do parlamentar”.
A denúncia da adolescente foi analisada por uma comissão especial, que entregou o relatório ao Plenário nesta segunda-feira (21). Durante a sessão, a vereadora Simone Feher Bellucci (PSDB) leu aos parlamentares o parecer da comissão, que aceitou a denúncia da adolescente e pediu a abertura de uma CEI.
Segundo o texto lido pela vereadora, a comissão analisou documentos como a cópia do inquérito policial instaurado para investigar o caso e mensagens de texto para tomar a decisão.
O relatório aponta que a versão da denúncia apresentada à Câmara pelos procuradores da adolescente destoa dos acontecimentos narrados no boletim de ocorrência. Mesmo assim, a comissão entendeu que seria precoce arquivar a denúncia sem uma apuração.
“O boletim de ocorrência narra uma suposta tentativa do vereador de beijar a denunciante, ao passo que a representação afirma suposta tentativa de satisfação de vontades sexuais por parte do denunciado. […] Entretanto, eventual exagero na narração de fatos eventualmente levados a efeito pela denunciante na versão trazida pela denunciante a esta Casa de Leis não contém mácula a impedir a deflagração de eventual apuração, ainda que administrativa da conduta do vereador.”
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A partir disso, o parecer da comissão foi votado pelos vereadores que, por 11 votos a favor e uma abstenção, decidiram pelo recebimento da denúncia e criação da Comissão Especial de Inquérito para apurar os fatos.
A CEI foi formada por sorteio e terá 90 dias para apurar a conduta do vereador e decidir por um possível afastamento ou cassação do mandato dele. O presidente da CEI é Osinaldo de Oliveira (Cidadania), que tem o relator Germano Reis de Oliveira (DEM) e Adriano Thibes (PRTB) completando a comissão.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso de assédio envolvendo o vereador foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela delegacia de Cerquilho, sendo encaminhado à Justiça ainda em abril.
O G1 não conseguiu contato com a Polícia Civil de Cerquilho para saber o que foi concluído no inquérito. Já o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que o processo do vereador tramita em segredo de Justiça.
Assédio
O caso de assédio envolvendo o vereador Fulvio Cuba do Amaral (PSDB) veio à tona no fim de abril, quando um pedido de cassação e afastamento provisório do parlamentar foi protocolado na Câmara.
De acordo com a denúncia recebida pelo Legislativo, o vereador é suspeito de tentar abusar sexualmente de uma funcionária de 17 anos, que trabalhava na farmácia de Fulvio, no dia 31 de março. Segundo o boletim de ocorrência, o vereador teria abordado a funcionária sozinha na farmácia e tentado forçá-la a beijá-lo.
Em entrevista ao G1, a adolescente contou que já tinha passado por algumas situações constrangedoras com ele no trabalho, mas nada como no dia 31 de março, quando o vereador teria oferecido R$ 500 para que ela tivesse relações com ele. A adolescente negou e, mais tarde, o parlamentar se aproximou dela.
“Já estava quase na hora de eu sair, só estávamos nos dois na farmácia. Entrei na cozinha para beber água e ele foi atrás. Eu estava de costas e ele veio e me segurou por trás. Não me deixava sair, eu falando que não queria, tentando empurrar, tentando sair daquele lugar. Já ficando muito desesperada. Ele tentou me beijar, dizia que estava sendo carinhoso comigo. Foi horrível. Nunca passou pela minha cabeça viver isso”, contou a menor.
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A adolescente foi para casa depois do que aconteceu, mas só no dia seguinte conseguiu tomar uma atitude. Ela pediu demissão e contou sobre o ocorrido aos pais. Ainda de acordo com a jovem, o vereador mandou mensagens pedindo desculpas.
“Me perdoa. Tem alguma coisa que eu posso fazer? Sou assim… mas é só brincadeira mesmo… Me desculpa. Posso te ligar? Tenho esposa, filhos…”, supostamente escreveu o vereador na mensagem divulgada pela adolescente nas redes sociais.
Já no áudio enviado à vitima, o vereador diz: “Viu, pelo amor de Deus, não faz nada contra mim perante a delegacia, nada, boletim de ocorrência. Não por causa de mim, por causa do [nome]. O [nome] não consegue entrar na polícia, eu estou desesperado.”
Depois do pedido de demissão, a jovem registrou um boletim de ocorrência, fez um post no Facebook para contar o que tinha acontecido e denunciou o vereador à Câmara Municipal de Cerquilho.
Na época, a assessoria jurídica do vereador informou que também registrou um boletim de ocorrência por calúnia e difamação contra a ex-funcionária, e por lesão corporal contra o pai da adolescente. Disse ainda que “o vereador Fulvio não medirá esforços para provar sua inocência e encerrar de uma vez por todas essas acusações desconexas”.
Fonte: G1