Open banking: a partir desta sexta-feira, clientes podem escolher quais dados compartilhar com bancos

Nesta sexta-feira (dia 13), tem início a segunda fase do open banking — sistema gratuito e seguro para compartilhamento de dados financeiros com instituições bancárias, a critério do consumidor. Nessa etapa, cada pessoa poderá aceitar ou recusar informar seus dados.

Embora mais da metade da população (66%) considere relevantes os novos serviços que podem surgir a partir de agora — como ferramenta de comparação inteligente entre produtos financeiros; aplicativo único para gerenciar todos investimentos e gastos pessoais; aceleração do processo de solicitação de crédito; e compras on-line pagas diretamente da conta sem uso de cartões —, a maioria não se sente à vontade com a novidade.

Uma pesquisa realizada pela TecBan — operadora independente de caixas eletrônicos — em parceria com o Instituto Ipsos, divulgada no fim de julho, revelou que 60% dos brasileiros não teriam “prazer em compartilhar informações financeiras a provedores terceiros para utilizar esses serviços”.

A especialista em proteção de dados e compliance Cecilia Choeri, sócia de Chediak Advogados, diz que a operação está submetida ao sigilo bancário, além da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

Apesar de em outros lugares do mundo, em que existem sistemas semelhantes, já terem ocorrido ataques cibernéticos contra essas interfaces, ela acredita que o Banco Central (BC) vai fazer um controle rigoroso para evitar problemas. Mesmo assim, acrescenta que é sempre importante tomar cuidados como não dividir senha bancária com terceiros e avisar ao banco caso tenha qualquer problema.

— Primeiro, você precisa de um consentimento específico para um compartilhamento com o banco que você escolhe, para uma finalidade determinada, dos dados que você decide. E isso pode ser revogado a qualquer momento. Em segundo lugar, você tem autenticação no ambiente da instituição financeira que você já conhece, com as suas credenciais, sendo que estas não são compartilhadas com as outras instituições — ressalta a especialista: — E, por último, essa implementação gradual tem justamente o objetivo de que as instituições façam essas adaptações de segurança com relação às interfaces para permitir que a troca seja realizada com segurança.

O consentimento deve ser solicitado por meio de linguagem clara, sendo vedado obtê-lo por meio de contrato de adesão, formulário de opção de aceita previamente preenchido ou de forma presumida, sem manifestação ativa por parte do cliente.

Benefício para clientes e bancos

O que se espera a partir desta segunda fase é melhorar a experiência do cliente. Com maior competição no mercado, as instituições serão obrigadas a realmente inovar, baratear e oferecer custos melhores. Mas as instituições financeiras também poderão se beneficiar.

Eduardo Bruzzi, sócio do Lima ≡ Feigelson Advogados e responsável pelo setor regulatório de Banking, Payments & Fintech, diz que a receptora dos dados compartilhados poderá oferecer produtos e serviços de forma mais eficiente para seus clientes:

— A concorrência no sistema financeiro inicia um processo de transformação, no qual será menos importante a quantidade de dados que a instituição possui e mais importante a sua capacidade de gerar inteligência de dados, aliado a uma melhor experiência de usuário e produtos e serviços mais interessantes. Para o cliente, vai permitir o surgimento de soluções personalizadas, fomentando a competitividade no mercado financeiro.

Na prática, o cliente terá total controle de quais informações ele compartilha, com quem e com qual finalidade do uso. Daniel Ferretti, co-fundador e CMO da Franq Open Banking, plataforma financeira digital, compara o novo sistema ao mecanismo de “login compartilhado” nas redes sociais.

— Com o login, do Facebook, por exemplo, você consegue criar um cadastro ou fazer login em inúmeros sites, e-commerces e outras redes sociais. Para isso, a rede social em que você já tem conta funciona, no open banking, como a instituição financeira transmissora. Ao optar pelo compartilhamento, você é redirecionado a esta rede social para autorizar partilhar com a devida finalidade de uso dos seus dados. Após autorizar, você automaticamente volta ao site original, que agora faz uso das informações que você optou por ceder — diz Ferretti.

Opção por uso de informações

Ferreti ainda explica que, no open banking, ao abrir uma conta ou na hora de contratar um crédito pelo internet banking ou aplicativo do seu banco ou fintech, o consumidor poderá optar por usar as informações que tem em outras instituições financeiras.

— Neste momento você irá, na mesma tela sem interrupção da jornada de contratação, realizar o login nesta outra instituição financeira onde irá escolher quais informações deseja compartilhar, por quanto tempo e para qual finalidade específica. Depois disso, você retornará para a tela da instituição financeira de origem para seguir com a contratação da sua conta ou crédito, agora com muito mais informação sobre o seu histórico bancário — completa.

As terceiras e quartas etapas, que ainda estão por vir, também trazem muitas novidades, como a iniciação de pagamentos fora do ambiente dos bancos e a ampliação geral de escopo e dados que podem ser compartilhados. Para ter acesso a um protótipo que mostra como vai funcionar, clique aqui.

Fonte: EXTRA

Compartilhe
Facebook
WhatsApp
X
Email

destaques da edição impressa

colunistas

Cláudio Pissolito

Don`t copy text!

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.