Mais velhos e menos jovens

“…as necessidades da população começam a se modificar…”

O resultado final do Censo 2023, publicado pelo IBGE, mostra que o Brasil entrou de vez no movimento demográfico verificado há décadas na Europa, senão ainda de redução populacional, mas de quase estabilização quando os números atuais são comparados aos do Censo de 2010. O reduzido aumento da população nos últimos 13 anos, abaixo do previsto pelo próprio Instituto, comprova o que já se verifica na indústria da construção civil, que passou a oferecer moradias menores; na escolha das especialidades médicas, voltadas a idosos; e no aumento da oferta de medicamentos e produtos médicos hospitalares.

São mais de 700 cidades com redução de população e consequente perda de arrecadação de repasses federais, que estão causando uma onde de ações judiciais questionando o resultado do Censo, que além de atrasado por conta da pandemia de Covid, também foi de difícil realização pela dificuldade em entrevistar as pessoas. Entretanto, os números abaixo do previsto em nível nacional e a redução da população em muitas cidades e estados, comparadas às projeções, são uma espécie de aval para o resultado final surpreendente e que está sendo contestado de várias formas.

Palmital, por exemplo, com número de habitantes mantido próximos dos 20 mil, em contraste com a enorme expansão da área urbana, que quase dobrou nos últimos 30 anos, é exemplo das mudanças ocorridas em nosso meio social. O maior número de famílias menores, cujas mulheres optam por menos filhos, e o aumento das residências individuais, se contrapõem ao crescimento da expectativa de vida, fazendo com que o perfil demográfico do município seja alterado, com menos jovens e muito mais idosos, ensejando a mudança no direcionamento das políticas públicas e também no perfil das atividades comerciais e de serviços.

As duas principais políticas que devem ser revisadas pelos órgãos e instituições públicas são as de saúde e planejamento urbano, pois as necessidades da população começam a se modificar radicalmente. Uma das medidas essenciais é a melhoria do atendimento nos serviços de geriatria e de reabilitação física para manutenção da saúde das pessoas mais velhas, assim como a revisão do Plano Diretor quanto à ocupação dos espaços, uma vez que os novos bairros, com muito mais residências e muito menos moradores, exigem aumento da oferta de infraestrutura urbana já existente nos centros esvaziados da maioria das cidades.

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Cláudio Pissolito

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