A cultura de um país, formada pelas suas origens e influências de outros povos e etnias, representa a identidade e o modo de ser e de agir diante da sociedade que é criada a partir dos valores e da orientação da maioria que se transforma em referência para as gerações que se sucedem. No Brasil, é possível identificar nossa identidade cultural a partir de um mosaico étnico, mesmo com a prevalência do idioma, o português brasileiro, e da grande maioria religiosa de cristãos, pois nossa população tem origem diversificada pela formação de colonizadores e muitos imigrantes.
Com a cultura já consolidada, depois de mais de 500 anos de existência como colônia e país autônomo, é possível verificar que a tendência de comportamento social é muito mais individualista do que cooperativista, com reduzido sentimento de interesse comum e muito mais de interesse individual. Considerando que nossas elites econômicas e intelectuais se forjaram a partir dos imigrantes que chegaram em busca de melhores condição de vida, de riqueza ou para preservação das próprias vidas, mas que aqui enfrentaram trabalho pesado e sofreram preconceito e discriminação, foi naturalizada a cultura do egocentrismo.
“…a tendência de comportamento social é muito mais individualista do que cooperativista…”
A partir da visão imediatista da riqueza, burlando leis ou se aproveitando das fragilidades alheias, o espectro social brasileiro nasceu sem qualquer sentimento de justiça, criando o abismo econômico que continua crescendo. Hoje, temos três grupos sociais e econômicos distintos, formados pela maioria de pobres que dependem do trabalho braçal e dos benefícios sociais; pelos funcionários públicos, profissionais liberais e pequenos e médios empreendedores, pagadores dos impostos; e a minoria rica formada pelos políticos e empresários que, com poucas exceções, se locupletam em torno dos governos.
A grande distância existente entre os grupos sociais e econômicos, que não permite que as barreiras sejam ultrapassadas apenas com trabalho e educação, faz com que muitos se desapeguem dos valores essenciais da moral e da probidade, utilizando de subterfúgios para burlar as leis e as regras básicas da convivência com honestidade e princípios. Não por acaso, convivemos com elevados índices de corrupção, de furtos e roubos, de homicídios e de práticas lesivas aos demais, já que a desonestidade e o crime são caminhos mais rápidos e as vezes menos arriscados para alcançar objetivos.
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