O virologista Jean-Michel Claverie tem estudado vírus zumbis no rio Kolyma, na Rússia, e aponta que as alterações climáticas podem gerar mais um risco para a saúde pública. Ele tem analisado vírus “gigantes” por mais de uma década, incluindo os que tem quase 50 mil anos e estão nas profundezas das camadas do permafrost da Sibéria.
No ano passado, a equipe de Claverie publicou um estudo que mostra vírus antigos infecciosos do permafrost siberiano. Segundo ele, “à medida que o permafrost descongela liberta micróbios, bactérias e vírus”.
Uma onda de calor na Sibéria em 2016 ativou esporos de antraz, que causaram dezenas de infecções e deixaram uma criança e milhares de renas mortas. Em julho de 2023, uma equipe de cientistas descobriu que os organismos multicelulares poderiam sobreviver às condições do permafrost e conseguiu reanimar uma lombriga de 46 mil anos da região apenas reidratando-a.
Claverie descobriu em 2014 que vírus “vivos” poderiam ser extraídos do permafrost siberiano e revividos, mas concentrou sua análise em vírus capazes de infectar amebas, para evitar qualquer risco de contaminação humana. A escala de ameaça à saúde pública, no entanto, foi subestimada.
Cinco anos depois, ele e sua equipe isolaram 13 novos vírus, incluindo um que estava congelado debaixo de um lago há mais de 48,5 mil anos, por meio de sete amostras diferentes do permafrost siberiano. Na ocasião, ele afirmou que uma infecção viral de um patógeno desconhecido em humanos poderia gerar efeitos “desastrosos”.
O permafrost já teve vida animal e oferece condições perfeitas para preservar matéria orgânica. Durante 400 mil anos, as camadas permaneceram estáveis, mas, com o aquecimento do Ártico, foram abertas várias crateras em toda a região.
Fonte: DCM