Editorial JC – Culpa das árvores

“…trava-se uma batalha contra as árvores que fornecem sombra, reduzem a temperatura no verão e servem de barreira aos ventos…”

Em meados do século passado, Palmital conquistou uma central telefônica própria, por meio de um aparelho PABX instalado na sede da empresa, em prédio próprio na rua João Moreira da Silva, onde foi o primeiro endereço do Jornal da Comarca e hoje abriga o estúdio da fotógrafa Ingrid Leite. Os cabos entravam na cidade ancorados em postes e, já naquele tempo, seguiam para o interior do prédio por meio de tubulação subterrânea, cuja tampa de aço da caixa de visitação ainda permanece intacta na calçada quase 70 anos depois de instalada, indicando a qualidade dos materiais e dos serviços da época.

Entre os anos de 1970 e 1980, a antiga Telesp iniciou a construção de uma rede subterrânea de cabos telefônicos pelas principais ruas da cidade, entre a sede da empresa, hoje prédio da Vivo na Sete de Setembro, até a esquina da Manoel Leão Rego, mas o projeto não teve continuidade. Passados mais de 120 anos da chegada da telefonia, com quase 70 anos de ligação local, além de outros 100 anos da rede elétrica, os cabos permanecem em postes, não recebem manutenção adequada e competem com a arborização urbana, que recebe podas drásticas e sem critérios, garantindo apenas a integridade dos fios.

A arborização urbana para melhoria da qualidade de vida nas cidades ganhou importância a partir dos anos de 1970, quando os primeiros projetos de plantio de árvores foram iniciados, sempre sem planejamento e, muitas vezes, utilizando espécies inadequadas. Desde então, trava-se uma batalha contra as árvores que fornecem sombra, reduzem a temperatura no verão e servem de barreira aos ventos, em favor das empresas de energia elétrica, de telefonia e agora de internet, incluindo moradores que não aceitam sequer as folhas nas calçadas e comerciantes que desejam expor suas placas e fachadas.

Nesta guerra sem trincheiras, sem regras e sem critérios, as árvores são sempre julgadas como culpadas da interrupção da energia elétrica, da quebra dos pisos das calçadas, do entupimento de calhas e até mesmo da “sujeira”, que nos quadros de pintores famosos é retratada como de grande beleza. Na verdade, o que falta é apenas planejamento, uma medida pouco usada para projetar construções, abrir novos loteamentos e criar praças e jardins, além do enorme atraso dos fios suspensos em postes, sem sequer a proteção de blindagem e de separadores, já que é muito mais fácil erradicar as árvores.

“…trava-se uma batalha contra as árvores que fornecem sombra, reduzem a temperatura no verão e servem de barreira aos ventos…”

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Cláudio Pissolito

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