“…é preciso investir em armazenamento e transformação da produção agrícola para exportar óleos, rações…”
Como país essencialmente rural, de enormes fronteiras agricultáveis, muitas delas subaproveitadas, o Brasil se transformou em grande produtor de alimentos que servem muito mais para exportação do que para atender a demanda interna devido à ausência de industrialização da enorme produção nacional.
A grande maioria da soja exportada in natura à União Europeia e a países orientais, como o Japão, servem para a criação de animais ou como matéria prima para a indústria de alimentos e suplementos mais sofisticados, muitos deles adquiridos pelo próprio Brasil a preços muito mais elevados.
O mesmo fenômeno verificado na mineração, que exporta a riqueza do solo em estado bruto, causando profundas sequelas ambientais, e depois importa equipamentos de elevada tecnologia produzidos a partir do material nacional, se repete com a agricultura que não investe no manufaturamento da produção.
Exemplos próximos, como a produção de amidos e subprodutos do milho pela multinacional Tereos, que possui indústria em Palmital, poderiam e deveriam ser seguidos pelos grandes agricultores brasileiros que, em vez de apenas aumentar as áreas de plantio, podem industrializar a produção para agregar mais valor e gerar muito mais empregos e renda no país.
Ainda que represente quase 30% do PIB nacional, a agricultura se mantém como atividade que gera poucos empregos, muito longe do comércio, do turismo, dos serviços e até mesmo da indústria, confirmando a falta de investimento neste setor essencial da economia nacional.
Para reverter a posição incômoda, é preciso investir em armazenamento e transformação da produção agrícola para exportar óleos, rações, açúcares especiais, alimentos enlatados, suplementos e medicamentos, em vez de apenas sugar a fertilidade do solo para vender grãos em estado bruto.
As maiores riquezas de longo prazo de um país são o solo, os recursos minerais e o equilíbrio ambiental, que no Brasil são explorados à exaustão sem produzir riqueza para o conjunto da sociedade, uma vez que os bens patrimoniais são concentrados em grandes latifúndios e conglomerados, muitos deles estrangeiros.
Para dividir a riqueza sem criar mais impostos ou empobrecer qualquer parcela da população, basta iniciar o processo de industrialização da produção mineral e agrícola para aumentar a renda dos produtores, criar empregos e renda e, assim, monetizar toda a cadeia produtiva nacional.
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