A FÉ NOS DESAFIA E NOS INTERPELA A NOVAS RELAÇÕES

Não há nada mais difícil e dolorido, na vida, do que mudança! Mas, ao mesmo tempo, não há nada mais necessário e urgente. Toda mudança, por menor que seja, mexe com as estruturas mais profundas do nosso ser, porque tocam nossos pontos de apoio: seguranças, certezas, verdades e esperanças. Desarruma nossa casa! Perturba nossa paz! Levanta poeira! Não poupa das rachaduras! Expõe a vulnerabilidade!

Nenhuma mudança acontece de modo saudável se não for querida, buscada, permitida, plantada e implementada. Mudar é preciso, dói, mas faz crescer!

Embora nem toda mudança dependa de uma iniciativa e determinação pessoal, ela deve ser acolhida, respeitada e aceita como necessária e impreterível, dentro de uma visão mais ampla sobre o ser e o tempo, a vida e a morte, o presente e o futuro.

Mudança é a força que rege todo o universo, como uma Lei Eterna.

Indispor-se a qualquer oportunidade de mudança é ignorar o dinamismo próprio da vida e, por conseguinte, da existência humana; é promover a fuga de si mesmo, procurando poupar-se do sofrimento; é desconsiderar o poder da transformação e da libertação; é impedir avanços e amadurecimento; é deixar de ser gente.

O cristão, por natureza, é chamado à mudança permanente. Sem mudança não há conversão porque, não conversão está a razão última de sua caminhada para Deus.

A conversão não é mera deliberação da vontade (que é ocasional, momentânea, instintiva, vaidosa, orgulhosa e prazenteira), mas uma decisão de fé. A pessoa precisa assumir para si mesmo: eu quero; eu posso; eu vou; Deus me espera! A decisão de fé tem que ser porque algo maior me espera e me atrai; porque minha esperança é maior do que aquilo que o mundo quer e tem para me dar; porque eu me sinto completamente desafiado a algo mais; porque o coração pulsa amores eternos.

Vivemos e convivemos! Estabelecemos relações! Toda relação interpessoal pressupõe a capacidade de mudança porque, todo relacionamento é dinâmico e, quem não muda não vive e nem convive.

A fé ensina como fazer das mudanças um ato criativo de conversão porque, ao invés de dar prêmios aos nossos atos, como se fossem passíveis de méritos, nos instigam ao dever, à disciplina e à liberdade, sobre a base de novas atitudes e convicções.

Não pretenda nenhum tipo de avanço, amadurecimento, crescimento, conquista ou melhoramento na fé, na base da vantagem porque, fatalmente, você cairá na tentação da chantagem contra Deus e o mundo: viverá de cobranças, reclamará de abandono, acusará de desprezo, proferirá mil injúrias, derreterá em blasfêmias, profetizará maldições, difamará o inocente e agredirá com palavras.

Construa, sim, as suas opções de fé na base da mudança, critério infalível de conversão. Assim, ao invés de levar a fé como pronto socorro, hábito, tradição humana, bem estar, recurso de prosperidade, você a viverá como um ato de amor; como exigência; como compromisso; como escolha; como entrega; como sacrifício; como renúncia; como confiança; como fé.

A Palavra de Deus que é sábia, também, é luz. Por meio dela alcançamos a segurança de mudar. Mas, mudar em Deus que, sendo causa de nossa mudança, nunca muda. Quem acreditar assim, viverá uma nova história; uma História de Salvação.

Comece mudando sua relação com Deus. Tome para a sua fé esta palavra: “Minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. Eu dou a elas vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém vai arrancá-las da minha mão. O Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. O Pai e eu somos um” (Jo 10,27-30).

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Cláudio Pissolito

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