A novela e a realidade

“…fascínio pelos protagonistas do mal, aqueles que se valem de artifícios imorais…”

Os últimos capítulos da telenovela Vale Tudo, da Rede Globo, refeita quase 40 anos depois da original, monopolizaram a atenção de grande número de brasileiros e também da mídia especializada, graças à boa audiência novamente alcançada e à repercussão havida no meio social.

O sucesso do enredo é baseado em temas comuns às mais diversas sociedades e inclui conflitos pessoais e sociais, valores éticos e morais e os limites da busca pelo poder e pela ascensão econômica através da corrupção e da desonestidade, em contraponto ao trabalho honesto para alcançar o mesmo objetivo.  

Todos os elementos apresentados em pequenas doses a cada capítulo serviram para despertar as atenções e também abrir discussões calorosas e filosóficas sobre temas do cotidiano social e econômico que permeia as relações humanas de forma recorrente.

Ainda que a identificação do público telespectador seja em esmagadora maioria com o núcleo dos bons valores e da honestidade, que a torcida opte pela punição dos malfeitores desonestos e antiéticos, sempre os vilões é que mais se destacam no folhetim e são de fato reconhecidos como protagonistas, enquanto os demais se tornam meros coadjuvantes.

Figuras caricatas e infames como o executivo Marco Aurélio, a maldosa e ambiciosa Odete Roitman e a deslumbrada alpinista social Maria de Fátima, que forma par com o inconsequente malandro César Ribeiro, certamente serão mais lembrados pelo público das duas versões da telenovela.

O fascínio pelos protagonistas do mal, aqueles que se valem de artifícios imorais e praticam a desonestidade e até a violência para alcançar objetivos, é o mistério que mantém nas melhores lembranças personagens como Freddy Krueger, Coringa, Malévola e Cruela.

Ainda que a grande maioria do povo diga se identificar com os saudáveis valores éticos e morais da bondade, da honestidade e do altruísmo, são os maus exemplos que permanecem na memória coletiva e, que, mesmo execrados pela própria história da humanidade, ainda mantêm e ganham simpatizantes e seguidores, como ainda acontece com Adolf Hitler.

Alguns falsos heróis brasileiros são cultuados por grandes legiões de admiradores, como o indefectível Paulo Maluf, rouba mas faz, os ditadores torturadores da ditadura militar, Castelo Branco e Ernesto Geisel, até personagens mais recentes, como Collor de Mello, provando que a realidade pode ser pior que a mais tenebrosa novela.

CONFIRA TODO O CONTEÚDO DA VERSÃO IMPRESSA DO JORNAL DA COMARCA – Assine o JC – JORNAL DA COMARCA –     Promoção: R$ 100,00 por seis meses

Compartilhe
Facebook
WhatsApp
X
Email

destaques da edição impressa

colunistas

Cláudio Pissolito

Don`t copy text!

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.