A política da religião

O fundamentalismo político religioso presente em vários países nasceu em resposta ou negação às mudanças sociais, políticas e econômicas ou como reação contra a suposta modernidade que ameaça a identidade cultural de povos que se apegam ao conservadorismo como forma de defesa de valores e da qualidade de vida que, antes, era considerada melhor.

O movimento fundamentalista se fortalece conquistando apoio por meio de discursos que valorizam a religião como base de probidade, competência e de retorno aos “bons tempos”, mesmo que poucos os tenham conhecido ou acreditam ter existido de fato, pois a retórica da bonança alimenta sonhos e ilusões.

Países como Irã, Arábia Saudita, Nigéria e outros do Sudeste Asiático, além dos conhecidos Afeganistão e Iraque, tem o fundamentalismo como base da manutenção de governos e de castas superiores, sem que haja oposição ou questionamentos, por se tratar da palavra e da obra de Deus, muito superior à dos homens.

Como país que mais acredita em Deus no mundo, com 89% da população de crentes no Ser Superior que é absoluto, incontestável e perfeito criador do universo, o Brasil se torna campo fértil para fazer das religiões um bom caminho para o sucesso na política, como acontece desde os tempos da colônia.

“…Brasil se torna campo fértil para fazer das religiões um bom caminho para o sucesso na política…”

O predomínio histórico do catolicismo no poder político, recentemente se contrasta com as religiões evangélicas pentecostais que avançam em setores importantes das instituições democráticas, como o Congresso Nacional, que abriga a Bancada Evangélica e também a Bancada da Bíblia, formada pelos parlamentares religiosos que se unem em defesa das causas comuns.

O que parece mais grave é a sinergia improvável, mas permanente, existente entre a Banca da Bíblia, da religião, a Bancada da Bala, do armamento, e a Bancada do Boi, das causas elitistas.

Explorando as deficiências e os desmandos históricos da política tradicional, os pastores atropelaram padres e bispos católicos no exercício do poder e da influência, seja como eleitos ou “donos” de partidos, como é o caso do Republicanos, do controverso bispo Edir Macedo, que elegeu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Não por acaso, o penúltimo presidente eleito no Brasil, Jair Bolsonaro, conquistou o cargo explorando a fé do eleitor como ferramenta eleitoral ao perceber que o discurso da religião, que não pode ser contestado, tem mais poder que o discurso político tradicional.

CONFIRA TODO O CONTEÚDO DA VERSÃO IMPRESSA DO JORNAL DA COMARCA – Assine o JC – JORNAL DA COMARCA –     Promoção: R$ 100,00 por seis meses

Compartilhe
Facebook
WhatsApp
X
Email

destaques da edição impressa

colunistas

Cláudio Pissolito

Don`t copy text!

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.