Era novembro de 2018 quando o casal Gustavo Acúrcio Souza Cruz, 41, e Luciane Becker de Oliveira Cruz, 35, realizava o sonho da lua de mel em Roma. Ele, médico radiologista e da dor, nascido em Palmital, e ela, psicóloga, nascida em Guarapuava, no Paraná, onde vivem e trabalham, grávida da menina Sofia, motivo da mais bela história de ambos.
Em conversa com familiares em Palmital, a mãe Miriam, as tias Suely e Wilma e a prima Nivea, Gustavo soube da presença do padre Leandro Martins, primeiro pároco da Paróquia de Santo Antônio, que estudava em Roma na época.
No primeiro contato foi marcado um jantar, que não ficou apenas das delícias da comida italiana, pois o padre surpreendeu o casal com um voucher para uma audiência papal, a realização de um sonho de qualquer católico e de muita gente mundo afora. No Vaticano, os recém-casados têm direito a um encontro com o Papa.
Nos preparativos para o evento mágico, souberam da exigência do uso de terno para os homens e de vestido branco para as mulheres. Correram às lojas, onde Gustavo adquiriu, é claro, um legitimo modelo italiano, até hoje o melhor de seu guarda-roupas, e Luciane, às pressas, comprou o vestido branco.
Mas, chegando ao hotel, percebeu que o vestido não era adequado para o encontro com o Papa, quando resolveram seguir com a roupa disponível: ele de terno e ela de calça preta e blusa branca.
Diante dos rigores do forte esquema de segurança com viaturas, guardas nos telhados, detector de metais, filas, revistas e a tradicional Guarda Suíça, além da guarda pessoal do Papa, Luciane foi barrada pela falta do vestido, mesmo com a insistência de Gustavo. Mas ele não se deu por vencido e, mesmo no frio do inverno italiano, retirou o cachecol branco que usava e o amarrou na cintura da esposa como se fosse um vestido.
Inútil. Diante do sorriso nada protocolar do guarda suíço veio a segunda negativa que causou enorme tristeza em ambos. Mas, novamente, ele não desistiu de realizar o sonho presenteado pelo padre Leandro. Gustavo deixou a esposa ali mesmo, já no saguão da magnífica sala Paulo VI, e retornou em direção ao hotel, passando pelas barreiras de segurança que já haviam superado, em corrida contra o tempo e contra o receio de perder a oportunidade de encontrar o Papa.
Pegou o vestido branco e retornou apressado, refazendo o caminho entre os seguranças até chegar à esposa, quando nesse momento os sinos soaram indicando o fim do tempo para a entrada no recinto. Novamente ele não se abateu e continuou a saga. Seguiu com Luciane até um banheiro para fazer a troca da roupa.

Finalmente, ele de terno e ela de vestido branco, ganharam muito mais confiança, mesmo depois do tempo exaurido, quando chegaram novamente à frente do mesmo guarda suíço que se mostrou incrédulo com a presença da dupla, já pronto para a terceira negativa, quando ela o fitou nos olhos e disparou com firmeza: – White dress (vestido branco). Meio intimidado diante da determinação da moça, ele respondeu: – Ok, Welcome (sejam bem-vindos).
Gustavo e Luciane entraram no recinto tomados por uma felicidade impossível de descrever, justamente quando o Papa Francisco se aproximava seguido por cinco fotógrafos e duas câmeras que o acompanhavam todo o tempo.
Quando o Papa chegou à frente, Gustavo disparou: – Papa, minha bambina! Francisco parou com visível doçura nos olhos e perguntou: – Quantos meses, qual o nome?; e Luciane respondeu – Cinco meses. Sofia. O Papa sorriu, fechou os olhos e abençoou Sofia, tocando o ventre da mãe emocionada pelo sonho realizado em dobro.
Esta foi a melhor história da vida do casal Gustavo e Luciane que, com a morte do pontífice, se torna ainda mais simbólica para dividir com todos aqueles que admiram o Papa Francisco, que lutou pelos pobres, abraçou os excluídos, defendeu o meio ambiente, o diálogo e a paz até o último dia de sua vida.
O casal ganhou a benção da filha Sofia que, hoje, aos seis anos, aprende os valores e ensinamentos do pontífice, transmitidos pelo casal, e pode compartilhar o valor de sua benção alcançada graças à perseverança dos pais em não desistir diante de obstáculos.
Palmitalenses participaram de eventos com o Papa Francisco

Um grupo de católicos de Palmital, ativo nas atividades das Paróquias de São Sebastião e Santo Antônio, teve o privilégio de participar de três eventos com a presença do Papa Francisco, todos relacionados à Jornada Mundial da Juventude. Salete Vassoler Terçariol, Tadeu e Guilherme Brunatti, Cilmara e Juliana Rodrigues e o padre Luiz Fernando, da Paróquia de Santo Antônio, participaram dos eventos em 2013, no Rio de Janeiro, na primeira viagem internacional do papa Francisco, em 2019, na capital do Panamá, com passagem pela Costa Rica, e em 2019, em Lisboa, capital de Portugal.

Integrantes do grupo Peregrinos de Cristo, criado em 2000 pelo padre Carmine, de São Paulo, que reúne católicos de todo o país, o grupo se organiza para eventos nacionais e internacionais, nas quais participam de experiências enriquecedoras da religião. Salete relatou momentos marcantes de alegria e emoção intensas com as mensagens do papa, como os ensinamentos: “Não tenham medo, tenham coragem de seguir adiante, sabendo que somos fortalecidos pelo amor de Deus”, e “Na igreja há espaço para todos. Na igreja ninguém sobra, ninguém fica de fora, há espaço para todos, assim como somos”.
Segundo Salete, as viagens são comparadas às peregrinações de Cristo, que visitava terras desconhecidas e se relacionava com outros povos e outras culturas e idiomas. Os próximos eventos serão o Jubileu 2025, em junho, e a Jornada Mundial da Juventude em Seul, na Coréia do Sul, em 2017, quando o grupo de Palmital espera encontrar o novo Papa, que será escolhido no conclave para sucessão de Francisco.