A verdade conveniente

“…cada vez menos encontramos pensadores, filósofos e outros teóricos da existência humana…”

Para o filósofo Nietzsche, a verdade não se resume em uma definição objetiva e fixa, mas é fruto da vontade e da construção humana pela convenção social surgida da interpretação absolutamente subjetiva da realidade, sempre moldada pela perspectiva individual do conforto e pelo desejo de poder.

Portanto, desde o século 19 que o conceito de verdade absoluta, baseada em fatos e na realidade que se apresentam, é contestada pelo chamado “livre arbítrio” que nos permite acreditar naquilo que nos interessa e refutar o que nos incomoda, mesmo que seja baseado em fatos, acontecimentos e provas.

Assim se formou a sociedade moderna, que busca a evolução tecnológica para o conforto material dos indivíduos, em detrimento à evolução do saber, do conhecimento e do autoconhecimento, essenciais para proteger a própria espécie da ganância coletiva do consumismo que aniquila o ser, valoriza o ter e destrói o planeta.

Não por acaso, cada vez menos encontramos pensadores, filósofos e outros teóricos da existência humana preocupados com a evolução da sabedoria, enquanto proliferam os exploradores de riquezas, incentivadores do consumo e produtores de facilidades.

Seres iluminados como Sócrates, Platão, Aristóteles, René Descartes, Immanuel Kant, Friedrich Nietzsche e Karl Marx foram substituídos por figuras caricatas como Elon Musk (X e Tesla), Jeff Bezos (Amazon), Mark Zuckerberg (Meta), Sundar Pichai (Google) e Shou Zi Chew (TikTok).

Assim, estamos adquirindo o direito às facilidades induzidas e reduzindo a necessidade de utilizar nossa capacidade de raciocinar com a inteligência divina para nos tornarmos escravos da inteligência fabricada pelos interesses do mercado consumidor, das ideologias replicadas e das verdades que interessam a outros.

Não por acaso, o termo “pós-verdade” é baseado em uma aparente e conveniente verdade que se torna muito mais importante e real que a própria verdade verdadeira, aquela baseada em fatos e acontecimentos.

Felizmente, para muitos estudiosos do comportamento humano, a pós-verdade não passa de grandes mentiras ou fraudes, muito utilizadas na atividade política que coopta mentes e corações incautos. Explorando a necessidade humana de acreditar naquilo que lhe interessa e que lhe garanta conforto, pertencimento e sensação de poder, a verdade dos fatos é substituída pela verdade das vontades e das narrativas mais bem difundidas.

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Cláudio Pissolito

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