Por Bruna Graziele Lima*
O mês de agosto é marcado por uma importante campanha nacional: o Agosto Lilás, que tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, além de reforçar a importância da Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, a campanha chama a atenção para um problema ainda extremamente grave e presente em todos os cantos do país.
Diversos casos recentes de violência doméstica vieram à tona nos últimos anos, trazendo à luz a urgência do combate a esse tipo de crime. Um caso que recentemente chocou o Brasil, no dia 27 de julho de 2025, imagens de uma câmera de segurança mostraram uma brutal agressão em Natal, em que uma mulher foi espancada pelo namorado que a golpeou com 61 socos, dentro do elevador do prédio onde mora em Ponta Negra, na Zona Sul de Natal. O vídeo chocante viralizou nas redes sociais e provocou indignação contra o ex-jogador de basquete.
Outro caso recente que gerou ampla repercussão foi o da professora, escritora e palestrante Cíntia Chagas, que acusou publicamente o deputado estadual Lucas Bove, seu então marido, de agressão física e psicológica. Em depoimento publicado nas redes sociais, Cíntia relatou episódios de violência e humilhação sofridos durante o relacionamento com o parlamentar. A denúncia trouxe ainda mais enfoque sobre o tema, sobretudo por envolver uma figura pública e influente e mostra que o problema da violência contra a mulher não escolhe classe social, religião ou status político.
Mais do que esses casos isolados, esses episódios são o retrato cruel da violência que milhares de mulheres enfrentam diariamente – muitas vezes, em silêncio.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de violência física a cada 4 minutos no país. Tais dados equivalem a cerca de 15 mulheres agredidas por hora, 360 por dia, mais de 2.500 por semana.
A campanha Agosto Lilás reforça que informação é uma das principais armas contra a violência. Muitas mulheres ainda não conhecem seus direitos, nem sabem como ou onde denunciar. É fundamental divulgar canais como o Ligue 180, que funciona 24 horas por dia e oferece orientação e encaminhamento para a rede de proteção.
O Agosto Lilás não é apenas um mês de cor e simbolismo: é um chamado à ação. Os casos de violência doméstica que estamparam os noticiários não podem ser tratados como exceção, mas como parte de uma realidade que precisa ser enfrentada com urgência, empatia e coragem.
Que o mês de agosto sirva como um alerta contínuo: não vamos mais silenciar. Violência contra a mulher é crime e precisa ser combatida todos os dias.
(*) – Bruna Graziele Lima é advogada com pós-graduação nas áreas de Direito do Trabalho e Previdenciário, de Direito de Família e de Direito Público. É autora de artigos falando sobre o direito das mulheres e foi colaboradora do JC com a coluna semanal “Seu Direito”.