Água: mais do mesmo

As campanhas dos dois candidatos a prefeito de Palmital tiveram em comum o projeto de perfuração de um poço profundo para solucionar a questão do abastecimento de água na cidade, com repetição de propostas de outras campanhas nos programas de governo.

A perfuração de poços, rasos e profundos, é tão antiga quanto a humanidade, com relatos até na Bíblia de escavações para extração de água potável e os chineses como pioneiros na técnica de perfurar poços, uma vez que as águas subterrâneas sempre foram mais limpas e adequadas ao consumo humano e animal.

O termo “poço artesiano” foi cunhado no ano de 1.126 do longínquo século XII, quando foi perfurado na cidade de Artois, na França, o primeiro poço tubular cujas águas subterrâneas fluíram espontaneamente à superfície graças à diferença de pressão entre a área saturada do fundo do poço e a altura do nível freático na zona de recarga.

Como sequer sabemos se ainda existe zona de recarga, os chamados lençóis freáticos, suficientes para exercer pressão sobre as águas profundas, a perfuração de um poço desse tipo se torna uma aventura duvidosa quanto ao resultado.

“…falta de criatividade e de modernidade nos programas de governo.”

Outro risco é o fato de haver águas quentes em veios profundos, com necessidade de utilização de materiais especiais para a captação e o necessário resfriamento, o que faz aumentar a já cara empreitada de buscar água a mais de 2 mil metros de profundidade.

Com custo aproximado de R$ 6 milhões, conforme estimativas informadas, a perfuração de um poço deste modelo pode se tornar o maior investimento da história de Palmital, o que obriga que a medida seja uma solução definitiva, uma vez que já existe um enorme sistema em funcionamento baseado também na captação de poços.

É preciso observar que a questão do abastecimento de água não se resume à oferta regular à população por qualquer meio, mas que implica em uma questão muito mais abrangente, que é a relação da cidade com a natureza e o meio ambiente.

Produzir água potável tem relação direta com a forma de lidar com a questão ambiental, hoje fundamental em qualquer estudo sobre a viabilidade da exploração dos recursos naturais e, portanto, precisa necessariamente adotar medidas para melhoria do microclima com o plantio de árvores urbanas, implantação de mata ciliares, recuperação de florestas, proteção às nascentes e sistemas de infiltração de águas pluviais, pois o resto é apenas mais do mesmo.

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Cláudio Pissolito

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