“…região perigosa é aquela sem domínio do poder público e à mercê de criminosos…”
O surrado chavão usado pelos nacionalistas de plantão, de que a Amazônia é território nacional e que não se deve abrir mão da soberania do maior espaço florestal do Planeta, é um bom discurso de retórica, mas que lamentavelmente não é aplicado na prática e muito menos em benefício dos brasileiros que servem de escravos aos interesses de criminosos milionários, de maioria estrangeira.
Enquanto se defende as riquezas da floresta apenas na teoria, as plantas, os minérios, os animais e os peixes se esvaem em muitos descaminhos que enriquecem traficantes e organizações criminosas.
A fala do presidente que mais defende o poder sobre a Amazônia e que menos dela cuida, de que o território onde morreram o jornalista inglês e o indigenista brasileiro, ambos sim verdadeiros defensores da floresta, de que se trata de uma região perigosa, comprova a ausência do Estado que não controla uma área demarcada.
Afinal, região perigosa é aquela sem domínio do poder público e à mercê de criminosos que fazem suas próprias leis e criam regras comerciais à revelia dos interesses de quem deveria fazer o controle e a regulação dos negócios que envolvem riquezas, muitas delas estratégicas.
A propalada “nossa Amazônia” pertence aos madeireiros, que pagam misérias aos braçais que retiram as melhores arvores, como as de Angelim, que ultrapassam 10 mil reais a unidade, e que depois ateiam fogo no restante que é loteado e transformado em pastagens.
Pertence aos financiadores do garimpo ilegal, que poluem as águas mais limpas do Planeta e desviam os recursos naturais que sequer recolhem impostos, assim como pertence às empresas que contratam pescadores para cercar grandes rios com enormes redes e transportar os peixes em caminhões frigoríficos ao custo das propinas negociadas com “fiscais”.
Enquanto se faz discurso e se omite da responsabilidade de criar mecanismos para a exploração sustentável das riquezas minerais e florestais, cujas plantas e princípios ativos são patenteados pelos laboratórios estrangeiros, transformando a Amazônia em espaço de ocupação internacional, os desinformados celebram a defesa inexistente do território.
Governos que não protegem sequer as etnias indígenas, que são os mais puros e autênticos brasileiros, são os mesmos que renunciam à maior parte do território nacional em nome de um desenvolvimento que jamais será consolidado com os métodos adotados.
“…região perigosa é aquela sem domínio do poder público e à mercê de criminosos…”