A contagem do tempo, determinada pelo calendário que usamos atualmente, serve para a organização da sociedade e foi estabelecido a partir da relação astrofísica entre o sol e a terra, desde quando os movimentos foram identificados e quantificados, há mais de 3 mil anos antes de Cristo. Apesar de todos os meios e ferramentas disponíveis para sua demarcação, o tempo se mede mais na forma de sentir, de pensar e de agir do humano que, diferente dos outros animais, é guiado pelo conhecimento adquirido nas seguidas gerações e não pela intuição ou simplesmente pelo instinto, muito menos pela biologia.
Diferente de outras espécies, guiadas pelo próprio metabolismo e reagindo às mudanças do cotidiano, como dia e noite, frio e calor, chuva ou sol, o ser humano criou sua forma própria de viver e de conviver, seguindo mais o calendário do que as reações do corpo, da mente ou da atmosfera. Assim, com o domínio do calendário, sentimo-nos donos do tempo que, inexplicavelmente, nos foge ao controle nas mais diversas situações, como na rapidez da longa bonança de saúde e alegria e na insuportável demora da mais fugaz tristeza e dor, comprovando que ele atua nos sentidos e não pelo conhecimento.
Mesmo como seres de comportamento adestrado para as regras sociais e temporais, com os sentidos dominados pelos acontecimentos definidos pelo calendário adaptado ao pouco conhecido metabolismo do universo, reagimos de forma diferente diante de cada momento, de cada dia, ano ou década. O amadurecimento emocional e o aprendizado são bastante desiguais para as pessoas únicas em formação e formatação física, mental e metafísica, ou espiritual, o que nos obriga a buscar a evolução sensorial para que o tempo que, medido ou sentido, seja mais benéfico e do que maléfico à nossa necessária evolução.
Mesmo segregados ao calendário, às regras sociais, às convenções criadas a partir das necessidades humanas ou simplesmente para que haja controle sobre as ações e reações, podemos e devemos agir com equilíbrio e em busca do domínio dos próprios sentidos para alcançar nível superior de autoconhecimento. Como data convencionada, o Ano Novo que se inicia na próxima segunda-feira, dia 1º de janeiro de 2023, conforme previsto pelo calendário gregoriano, é mais uma oportunidade para a evolução que pode nos tornar mais próximos e semelhantes ao nosso Criador. Feliz Ano Novo com vida nova.