Após 74 anos de união, casal morre no mesmo dia no interior de SP

Odileta Pansani de Haro e Paschoal de Haro construíram uma história de amor que atravessou gerações e terminou como começou: lado a lado. Casados há 74 anos, eles faleceram no mesmo dia, com apenas dez horas de diferença, em Votuporanga, no interior de São Paulo, a 527 km da capital.

O início da relação remonta a 77 anos atrás, quando se encontraram pela primeira vez na praça da Matriz da cidade. Ela, recém-chegada de Mirassol com os pais e sete irmãos, tinha 15 anos. Ele, um ano mais velho e nascido em Votuporanga, era o oitavo de nove irmãos. A paquera começou de forma inusitada: Paschoal girava uma correntinha no ar, que acabou caindo no braço de Odileta. Foi o pretexto para iniciarem uma conversa. O romance prosseguiu com o envio de cartinhas.

O casamento aconteceu no dia 15 de abril de 1951, na fazenda dos pais dela, coincidentemente na mesma data em que Paschoal completava 20 anos. Tiveram seis filhos — a primogênita, Sílvia, faleceu em 1997, aos 33 anos, vítima de leucemia.

A perda da filha uniu ainda mais o casal. “Tudo o que era possível fazer, eles fizeram. Até remédio com pingos de creolina ela tomou”, relembra o filho Luciano de Haro, 63 anos. “Eles tinham uma relação perfeita. Não era um conto de fadas, mas foi uma vida de ouro. A família sempre foi unida.”

Enquanto Paschoal trabalhava com os irmãos em lojas de tecidos e depois de calçados, Odileta se dedicava ao lar. Os domingos à tarde reuniam filhos e netos na casa dos dois. O dia 15 de abril era especial: além de marcar o aniversário e o casamento de Paschoal, também celebrava o nascimento da primeira neta, Camila, e da primeira bisneta, Athena, que vive em Londres.

Nos últimos anos, Odileta foi diagnosticada com Alzheimer e passou a ser cuidada pelo marido. Em 2023, Paschoal descobriu um câncer no intestino e recebeu diagnóstico de cuidados paliativos. Mesmo debilitado, sua preocupação era com a esposa. “Ele dizia que não queria que ela ficasse sofrendo sozinha. Pedia a Deus que os levasse no mesmo dia”, conta Luciano.

O pedido foi atendido. No dia 17 de abril, Odileta faleceu às 7h da manhã. Paschoal partiu às 17h, no mesmo quarto da residência em que viveram. Os dois foram velados juntos, na mesma sala, e sepultados em sequência. “Ela foi enterrada primeiro e ele logo depois, como ele queria”, relata o filho.

Odileta tinha 92 anos, e Paschoal, 94. Deixaram os filhos Carlos, Marta, Luciano, Iara e Karina, além de seis netos e quatro bisnetos.

Fonte: Folha de São Paulo

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Cláudio Pissolito

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