Assis: filhos de mulher morta pelo ex-companheiro pedem justiça e relatam viver com medo enquanto agressor segue foragido

A família de Lucimara Alves Bueno, de 43 anos, morta a facadas na noite de 6 de novembro na Vila Rosângela, em Assis, segue vivendo dias de medo e incerteza. O ex-companheiro João Batista Moraes Bueno, suspeito de cometer o feminicídio, está foragido desde o crime. Os filhos do casal, que agora se dividem entre buscar justiça e garantir a própria segurança, afirmam que o agressor já foi visto rondando a cidade e temem que mais violência aconteça.

Lucimara e João mantiveram um relacionamento de mais de 20 anos, marcado por episódios de agressões, ciúmes e ameaças. Há três meses, ela havia decidido se separar e, há cerca de dois meses, tinha medidas protetivas concedidas pela Justiça. Mesmo assim, conforme relatos à polícia, João continuava perseguindo e insistindo para reatar.

Lucimara Alves – FOTO: Redes Sociais

Testemunha do assassinato, a nora relatou à Polícia Civil que João não aceitava o fim da relação e passou a perseguir a vítima, indo até sua casa e local de trabalho diversas vezes, insistindo para que ela reatasse. Em uma dessas ocasiões, ele entrou à força na residência, a ameaçou de morte com uma faca e afirmou que a mataria e depois se mataria. Após esse episódio, Lucimara solicitou medida protetiva de urgência, que foi concedida.

Ainda assim, segundo os familiares, a perseguição continuou por mensagens e aparições inesperadas. No dia do assassinato, Lucimara estava trabalhando. No horário de saída, segundo o depoimento, João a esperava no estacionamento. Ela percebeu e voltou para dentro do supermercado, permanecendo até o fim do expediente.

Quando saiu, foi forçada a entrar no carro do ex-companheiro. Durante o trajeto, ele sacou uma faca e a ameaçou. A nora tentou intervir, conseguiu jogar uma das facas para fora do carro mas, de acordo com o depoimento, João portava outra.

Vítima e nora tentaram fugir, mas Lucimara foi alcançada e esfaqueada. Mesmo recebendo ajuda no local, ela não resistiu aos ferimentos.

“Ele sempre nos ameaçou, a minha mãe e nós, filhos”

Em entrevista ao Portal AssisCity, Everton Alves Bueno, filho de Lucimara e João, relatou que o histórico de ameaças do agressor incluía toda a família.As ameaças começaram desde a primeira traição dele. Ele dizia que ia atirar ou cortar as pernas da minha mãe para que ela nunca mais pudesse andar ou sair de casa. E não eram só com ela, também nos ameaçava, comigo e meus irmãos. O foco principal era impedir que ela largasse ele, e nós tínhamos medo, sim. A minha mãe sabia que, cedo ou tarde, algo assim poderia acontecer. Não adiantava ela tentar fugir, ele dizia que iria atrás.”

Na rua Carlos Lacerda, na Vila Rosângela, em Assis, marcas de sangue ainda estavam no asfalto na manhã após o crime – Foto: AssisCity

Everton falou sobre os últimos meses de sua mãe, quando ela decidiu se separar e buscar proteção. “Há três meses ela se separou e passou a morar comigo. Todos os dias ela me dizia: ‘Se algo acontecer, não carregue culpa’. Ela já tinha esse pensamento porque sempre nos dava apoio e conforto, mesmo antes de partir. Eu tentei ser o porto seguro dela, dar amor e segurança, algo que ela nunca teve. Mesmo com tanta dificuldade, ela continuava sorridente, delicada e alegre.”

Família continua vivendo com medo

Everton relatou que, após o crime, a insegurança ainda domina a família. “Minha irmã mais nova está escondida na casa de uma amiga, minha irmã mais velha tem medo de ficar na cidade, e meu irmão mais velho mora longe. Estamos apenas eu e minha esposa aqui. Vimos ele rondando locais próximos à nossa casa e até no velório. A polícia precisa continuar procurando, cercando a cidade, porque se ele continuar solto, pode acontecer algo ainda pior.”

Ele reforçou a preocupação com a violência histórica do agressor.“Ele sempre foi violento, ameaçava minha mãe e nós, filhos. A vida dela foi muito difícil, mas ela sempre nos ensinou a não viver com raiva ou ódio. Ela era alegre, amorosa e muito delicada. Agora, a gente só quer justiça e segurança.”

A vítima

Lucimara tinha 43 anos e trabalhava na padaria do Supermercado Avenida. Era mãe de quatro filhos, dois deles com o agressor. O corpo foi reconhecido pela família na manhã seguinte ao crime e encaminhado para sepultamento.

Procurado

João Batista Moraes Bueno segue sendo procurado pela polícia. “Ele trabalhava na Agroterenas. Nós fomos até lá para entender se ele tinha ido trabalhar, e informaram que ele está faltando desde o dia do crime. Ele também é conhecido como Matozinho e tem parentes no Paraná”, disse a família. Qualquer informação sobre seu paradeiro pode ser repassada aos canais oficiais de denúncia, de forma anônima:

Idade: 49 anos
Altura: aproximadamente 1,61 m
Cor da pele: Morena
Características marcantes:

  • Usa óculos
  • Possui uma marca no pescoço

Era morador do Jardim Nossa Senhora de Fátima, em Assis.

Se você tiver qualquer informação sobre o paradeiro dele, entre em contato imediatamente com:

  • 190 (Polícia Militar)
  • Disque Denúncia – 181

O Portal AssisCity ressalta que a foto do agressor está sendo publicada com autorização expressa da família.

Este espaço segue aberto para manifestação da defesa ou familiares de João Batista Moraes Bueno.

Fonte: AssisCity.

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