O exame balístico confirmou que o estojo de pistola calibre 380 encontrado dentro do veículo no qual a funcionária da Apae de Bauru (SP) Claudia Regina da Rocha Lobo foi vista pela última vez foi disparado pela pistola apreendida na residência do ex-presidente da associação, Roberto Franceschetti Filho. A informação foi divulgada na tarde de terça-feira (20/08).
As investigações da Polícia Civil apontaram que Roberto esteve com Claudia no último dia em que ela foi vista, na tarde de 6 de agosto.
O exame balístico analisa as características das armas de fogo e dos projéteis disparados por elas para determinar o tipo e o modelo da arma, a origem dos projéteis e a conexão entre a arma, a munição e o estojo.
O estojo (ou cápsula do cartucho) é a parte da munição que, após o disparo, fica oca. Quando uma arma de fogo é disparada, o projétil é lançado pelo cano da arma, enquanto o estojo é expelido.
Polícia fez buscas na tarde desta terça-feira (20) pela funcionária da Apae desaparecida, Claudia Regina da Rocha Lobo — Foto: Reprodução/TV TEM
Também na tarde desta terça-feira, a polícia continuou as buscas por Cláudia em uma propriedade rural na região do bairro Pousada da Esperança, às margens da rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva (SP).
Os vestígios encontrados foram levados à delegacia no fim da tarde e devem passar por perícia científica.
Polícia retornou à delegacia após realizar diligências em propriedade rural de Bauru (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM
Desaparecimento
Claudia, de 55 anos, é secretária executiva da diretoria da Apae de Bauru e foi vista pela última vez na tarde do dia 6 de agosto.
Imagens de câmeras de segurança da rua onde fica o prédio administrativo da entidade, na Rua Rodrigo Romeiro, registraram o momento em que ela caminha até um carro que está estacionado na rua e pertence à Apae com um envelope na mão (veja o vídeo abaixo).
A filha da secretária, Letícia da Rocha Lobo, contou que a mãe disse a uma colega de trabalho que iria sair para resolver coisas do trabalho e saiu sem levar a bolsa e o celular, um pouco antes das 15h.
Letícia disse que não notou nada de diferente na mãe nos últimos dias. “Ela disse para a recepcionista que iria resolver umas coisas da Apae e voltava mais tarde, e até agora nada”, relatou.
Investigação e prisão
Mais de uma semana depois do desaparecimento de Claudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro dela, que pertence à entidade, foi encontrado.
Além disso, oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram novas imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima no volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez.
A descrição das imagens indica que o presidente da Apae saiu do banco de passageiros do veículo e assumiu o volante, enquanto Cláudia foi para o banco traseiro.
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva, e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte.
Roberto foi preso no dia 15 de agosto, após ser chamado pela polícia para recuperar alguns pertences da vítima. Em sua casa, uma pistola calibre 380 também foi apreendida. A arma tem o mesmo calibre de um estojo que foi encontrado no veículo que Cláudia dirigia antes de desaparecer.
No dia 16 de agosto, Roberto teve a prisão temporária de 30 dias decretada após audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí (SP).
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Reprodução/Facebook
De acordo com a Polícia Civil, vestígios encontrados no veículo durante a perícia realizada no dia 7 de agosto, quando ele foi localizado, foram identificados como marcas de sangue. Uma das principais linhas de investigação é de que se trata de um homicídio.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Cledson Nascimento, foram feitas diligências em uma área de descarte de material da Apae, no bairro Pousada da Esperança, porém, nada foi encontrado.
Câmeras registraram veículo que funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde foi encontrado — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Depoimento
No dia 19 de agosto, o presidente da Apae prestou depoimento formalmente à polícia, na delegacia da Divisão Especializada de Investigações Criminais de Bauru. Roberto estava acompanhado de seus advogados e foi ouvido durante cerca de uma hora e meia.
Em entrevista à imprensa, o advogado dele, Leandro Pistelle, informou que, durante todo o depoimento, Roberto se disse inocente e respondeu a todos os questionamentos.
A defesa reforçou que mais detalhes não podem ser divulgados pois o processo corre em segredo de Justiça. Após o depoimento, Roberto retornou à delegacia de Pirajuí , onde cumpre prisão temporária.
Presidente da Apae presta depoimento à polícia e diz não ter envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Gabriel Pelosi/TV TEM
Amigos próximos
A filha de Claudia contou, em entrevista à TV TEM, que sua mãe e o presidente da instituição são amigos próximos e colegas de trabalho há mais de 10 anos e que, inclusive, manteve contato com o presidente diariamente desde o dia em que viu sua mãe pela última vez.
“Foi e ainda está sendo muito chocante por sermos próximos e termos essa amizade. Eu falei com ele todos esses dias. Ele foi uma das primeiras pessoas para quem eu liguei, porque eu sabia que eles tinham essa relação muito próxima no trabalho, e ele falou que não esteve com minha mãe fora da Apae”, lembra a filha.
A Apae informou que se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto no desaparecimento de Claudia e que o fato não tem relação com os serviços prestados pela entidade. A Feira da Bondade, considerada uma das principais maneiras da instituição arrecadar fundos, foi adiada.
Além disso, foi confirmado que Roberto não faz mais parte do corpo diretivo e que Maria Amélia Moura Pini Ferro está na presidência da instituição. A entidade também informou que os atendimentos continuam normalmente em suas unidades.
Fonte: g1
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária em Bauru (SP) — Foto: Arquivo pessoal