Brasil dominado pelo crime

“…o crime cresce e aparece com muito mais organização que o próprio Estado.”

Enquanto assistimos as grandes operações com várias viaturas, dezenas de agentes policiais e muitas armas de alto calibre para desmantelar pequenas biqueiras, de onde são recolhidos alguns gramas de drogas e irrisórias quantias em dinheiro, os chamados barões do tráfico, que de fato se enriquecem com o crime, são protegidos pelo poder econômico que corrompe e confere destaque social.

O jargão policial antigo de “enxugar gelo” é muito explicativo do equívoco da política de segurança que, por motivos inexplicáveis, tem como alvo preferencial a ponta, ou a última milha do tráfico, representado pelo pequeno varejo.

Alimentado pelo crescente número de consumidores, ou vítimas do vício, a comercialização de drogas é um grande negócio de escala mundial que, para as organizações criminosas fica atrás apenas da falsificação de produtos como remédios, agrotóxicos e bebidas, e que nas atividades formais supera os setores do petróleo e das comodities agrícolas.

Diante da proporção econômica gigantesca que a produção, o tráfico e o comércio de drogas mantêm sobre a grande maioria dos negócios lícitos e ilícitos, não será fechando bocas-de-fumo e prendendo moleques que haverá solução.

As recentes provas cabais da infiltração do crime organizado, que sempre se inicia no rentável negócio das drogas, em vários setores econômicos da “Faria Lima”, deixa evidente que muitas instituições já foram cooptadas, incluindo membros das forças policiais, do judiciário e da política.

Financiando estudantes para ocupar cargos públicos, investindo em campanhas políticas para alcançar o poder decisório e corrompendo agentes municipais, estaduais e federais de todas as áreas, o crime cresce e aparece com muito mais organização que o próprio Estado e muitos governos.

Sem vontade política de atuar contra os centros de comando da criminalidade, que se camuflam em entidades sociais e beneméritas, em câmaras municipais, nas assembleias legislativas e no congresso nacional e em muitas prefeituras, não será possível sequer interromper o ciclo de crescimento acelerado das organizações que dominam ou influenciam a grande maioria dos setores econômico e social do país.

Apenas com trabalho de inteligência, de rastreamento dos recursos esquentados das mais variadas formas e de foco nos chamados peixes grandes será possível evitar que o Brasil seja eternamente dominado pelo crime.

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Cláudio Pissolito

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