A cadela que ficou três semanas em frente a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itanhaém, no litoral de São Paulo, à espera do tutor que morreu no hospital teve um final feliz. Ela, que tinha sido acolhida pelos funcionários do local, foi adotada por um casal de idosos.
Os aposentados Marlene de Carvalho, de 64 anos, e José de Carvalho, de 73, são os novos tutores da ‘UPA’, como foi batizada pelos profissionais de saúde daquele local — uma referência à Unidade de Pronto Atendimento.
Há quase um ano, o casal perdeu o companheiro de quatro patas. O pet morreu aos 20 anos e, desde então, estavam à procura de um novo integrante para a família.
De acordo com Marlene, o casal conheceu a ‘UPA’ durante as frequentes visitas à unidade de saúde para cuidar de um corte no dedo de José, que foi causado enquanto usava uma serra para madeira.
Ao g1, a idosa contou que brincava com a cadela. Perguntava: ‘O que você está fazendo aqui? Quem é seu papai e a sua mamãe?’. Só na última terça-feira (30/01) Marlene percebeu que a cadela usava coleira e resolveu falar com as enfermeiras.
Assim que souberam que os funcionários haviam acionado o Departamento de Bem-Estar Animal da prefeitura, o casal não pensou duas vezes e decidiu adotar a UPA. “A casa ficou melhor. Agora, a família cresceu. Eu, meu velho, ela e as minhas calopsitas”, disse Marlene.
Adaptação
A aposentada contou que tentou mudar o nome da cadela, mas ela só atende quando a chamam de UPA. O nome, portanto, continuará o que os funcionários da unidade de saúde deram.
Marlene acrescentou que a cadela ainda está em fase de adaptação. De acordo com ela, a UPA resistiu a se adaptar com a ração e ficava mais ativa na parte da noite. A aposentada acredita que seja porque o tutor que morreu era um morador em situação de rua.
“Ela estranhou [a mudança], mas está alegre e contente”, disse a nova tutora.
UPA em seu novo lar em Itanhaém (SP) — Foto: Arquivo Pessoal/Marlene de Carvalho
Relembre o caso
Ao g1, Rosaine Gibellato Rodrigues, de 48 anos, que trabalha na área administrativa da unidade de saúde, contou que a cadela chegou junto com o morador em situação de rua na UPA. Não há informações sobre o paciente.
Quando foi constatada a morte do paciente, Rosaine disse que a cadela ficou chorando na porta do hospital. Os funcionários da unidade ficaram emocionados com a situação, inclusive, lembraram do filme ‘Sempre ao seu lado’, em que o tutor morre e o cão o espera por dez anos.
Cadela esperou por dono em frente a UPA de Itanhaém durante três semanas — Foto: Selma Aparecida de Souza
Apesar de ter conquistado o coração dos funcionários e pacientes, Rosaine explicou que eles estavam receosos de alguém pegá-la e maltratá-la. Além disso, ela afirmou que a UPA precisava de um lar para receber carinho e atenção.
Os funcionários acionaram o Departamento de Bem-Estar Animal da prefeitura. A cadela ficava o tempo todo deitada na unidade. No entanto, na sexta-feira (26/01) e no sábado (27/01), quando uma equipe especializada foi buscá-la, ela não estava.
Depois de três semanas, na terça-feira (30/01), UPA foi adotada por um casal de idosos. “Vai fazer falta nos plantões, mas foi acolhida por um casal bondoso”, disse a coordenadora de plantão da unidade Selma De Souza, de 53 anos.
Fonte: G1