O casal de Palmital, Moisés Rocha, o Tuca, e Cibele Rainho Rocha, que vive há cerca de oito anos no litoral norte de São Paulo, onde mantêm a Mahalo Maresias, no bairro do mesmo nome, uma casa de eventos e de serviços de praia, está atuando no socorro às vítimas ao transformar o estabelecimento que dirigem em ponto de coleta e distribuição de doações.
Tuca contou ao JC que, como sempre, nos finais de semana e nos feriados prolongados, a região recebe milhares de turistas que ocupam hotéis e pousadas e utilizam bares, restaurantes e todos os tipos de comércio existentes nos mais de 100 quilômetros de praias que pertencem ao município de São Sebastião, o que não foi diferente no último final de semana de carnaval. Segundo ele, o tempo era bom durante o sábado, mas no final da tarde ficou muito nublado e uma forte chuva com muito vento se estendeu durante a madrugada.
“As chuvas continuadas e fortes perduraram por longo tempo encharcando o solo dos morros e das florestas e as belas cachoeiras naturais se transformaram em enormes trombas d’água”, afirmou o empresário, que ficou sem energia elétrica e sem internet, com quase dois dias sem comunicação. As poucas informações, todas muito assustadoras, vinham pelo noticiário de algumas TVs via satélite.
Segundo Tuca, os moradores de Maresias, que foi pouco afetada, só tomaram conhecimento da gravidade da situação a partir da passagem de viaturas e caminhões do Exército e ambulâncias que começaram a transitar pela praia em direção à Juquehy, Barra do Sahy, Baleia, Cambury e outros bairros que foram muito afetados com elevado número de mortos e desabrigados.
Diante da situação de emergência e sem sofrer danos no estabelecimento, Tuca e Cibele decidiram transformar a Mahalo Maresias em ponto de coleta de donativos, quando passaram a receber roupas, mantimentos, água e material de higiene e limpeza, que estão sendo distribuídos aos desabrigados. A conversa com Tuca sofreu interrupções devido ao trabalho continuado que o casal realiza, de transportar as doações em seus próprios veículos.
Tuca contou também que muitos estabelecimentos que não sofreram danos, como cozinhas industriais e caseiras, estão trabalhando dia e noite no preparo de alimentos para os desabrigados que perderam suas casas e seus pertences. “Existe um grande mutirão de solidariedade na região”, afirmou o empresário. Tuca contou também que, na sexta-feira, 24, a situação estava bem mais controlada graças ao trabalho das autoridades e da população e que vários trechos da rodovia Rio-Santos estavam liberados, o que facilita o socorro às vítimas. Nos últimos dias, segundo o casal, a Mahalo recebeu várias famílias de Palmital, Assis e Ourinhos que estavam sem comunicação e procuram o estabelecimento para obter informações, mas que todos com que teve contato estão bem e seguros.
