Segundo polícia, veículo foi o mesmo onde vítima entrou antes de sumir em Petrópolis, na Região Serrana do Rio
Ser responsável pela segurança pessoal dos parentes da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, acompanhar a vítima e o marido Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, em viagens pelo país e ter acesso irrestrito a cartões e contas bancárias do casal não foram os únicos benefícios desfrutados pelo técnico de informática Lourival Correa Netto Fadiga. Apontado pela polícia como principal suspeito pelo desaparecimento de Anic, vista pela última vez no dia 29 de fevereiro após sair a pé de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, Lourival também usava, há quase dois anos, um Jeep Compass, ano 2017, que pertence à própria advogada.
O veículo passou a ser utilizado pelo suspeito, com consentimento da família da vítima, após Anic receber de presente do marido, em 2022, um Jeep do mesmo modelo, zero quilômetro. Lourival havia conhecido há família três anos antes e, para ganhar a confiança de Benjamim e da mulher, alegou falsamente ser policial federal. Segundo um relatório de investigação do caso, foi no Compass, ano 2017, que a advogada embarcou após sair do shopping, pouco após ser flagrada por câmeras de segurança pouco antes de meio-dia, no dia 29 de fevereiro, na esquina das ruas Marechal Deodoro e General Osório.
“Perceba que o carro de Lourival passa neste último local as 11h49min48seg, ou seja, um minuto após passar no local da câmera anterior (11h:48min52seg), sendo que o trajeto é muito curto, aproximadamente 300m, sendo normal fazê-lo em 30 segundos. Assim é possível concluir que o carro de Lourival faz uma parada para Anic entrar”, diz um trecho do relatório feito por policiais da 105ª DP (Petrópolis).
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Mais de sete horas após a advogada desaparecer, Benjamim recebeu uma mensagem em seu telefone. No comunicado, uma pessoa exigia dinheiro e dizia estar com a advogada em seu poder. “Benjamim, estamos com sua mulher. Ela está bem. Nada irá acontecer com ela. Só depende de você seguir nossas instruções. Não fale com ninguém e não envolva a polícia. Providencie R$ 4,6 milhões”, dizia um trecho do texto.
Após sucessivas trocas de mensagens, a família de Anic depositou, no início e março, R$ 3 milhões em contas de doleiros indicadas por Lourival. No dia 11, uma outra mensagem recebida por Benjamim determinou que ele e o suspeito fossem até um shopping da Zona Oeste do Rio para levar uma mochila com o restante do dinheiro.
A dupla se dirigiu para o shopping, mas no meio do caminho Lourival disse ter recebido outra mensagem informando que ele deveria levar a mochila até uma cesta de lixo, localizada no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, enquanto o marido da advogada deveria ir até o estabelecimento comercial da Zona Oeste, onde a vítima seria libertada. O suspeito não foi até a comunidade do Recreio e sim até uma concessionária, na Barra da Tijuca, onde comprou uma picape por R$ 500 mil, pagando em espécie.
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Como Anic não apareceu, a família avisou à polícia, no dia 14 de março, o que estava acontecendo. Seis dias depois, no dia 20, Lourival foi preso dirigindo o Jeep Compass, ano 2017, em Teresópolis. O carro foi apreendido e está à disposição da Justiça. Além de Lourival, outras três pessoas ligadas ao suspeito, um filho, uma filha e uma ex-namorada, também foram presos por ordem da 2ª Vara Criminal de Petrópolis. Eles são suspeitos de terem ajudado, de alguma maneira, na execução do desaparecimento de Anic.
A advogada e Benjamim são casados há cerca de 20 anos. Ele é um dos filhos do fundador de um complexo educacional que deu origem a uma universidade particular, em Duque de Caxias, vendida para outro grupo educador em 2021. Uma das linhas investigadas por policiais da 105ª DP é a de que a vítima tenha sido assassinada e que seu corpo esteja ocultado.
Fonte: Extra