Caso Quênia: Em depoimento, mãe contou que soube da morte da filha pela televisão e que não a via havia um ano

Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de 2 anos, morreu, segundo a polícia, torturada dentro de casa, na Zona Oeste do Rio, em uma sequência de maus-tratos; pai e madrasta estão presos suspeitos do crime.


Em depoimento aos investigadores da 43ª DP (Guaratiba), a vendedora Izabela de Oliveira Matos, de 27 anos, mãe da pequena Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de 2 anos, que morreu, segundo a polícia, torturada dentro de casa, na Zona Oeste do Rio, em uma sequência de maus-tratos, afirmou que soube da morte da filha pela televisão.

A mulher lembrou ainda que não via a filha havia um ano, após o pai da bebê parar dar informações.

O pai e a madrasta de Quênia foram presos em flagrante na quinta-feira (9). Marcos Vinicius Lino nega as agressões e diz que tudo “é um erro”. Já Patrícia André Ribeiro afirma que a enteada se machucou caindo.

O depoimento de Izabela aconteceu no sábado (11) horas após sua filha ser enterrada no Cemitério de Santa Cruz, também na Zona Oeste.

Izabela disse no termo declaratório que “quando a menor tinha aproximadamente três meses entregou aos cuidados do genitor Marcos Vinícius, com quem conviveu por aproximadamente 4 meses”.

Patricia André Ribeiro, madrasta da menina Quênia Gabriela, está presa  — Foto: Reprodução
Patricia André Ribeiro, madrasta da menina Quênia Gabriela, está presa — Foto: Reprodução

A vendedora lembrou que a decisão foi motivada por uma depressão e por problemas financeiros e que “por tal motivo acreditou que deixar Quênia aos cuidados do pai seria a melhor solução, pois ele tinha condições de proporcionar uma qualidade de vida melhor para a menor”.

A mulher destacou que “enquanto se relacionou com Marcos, ele nunca se mostrou agressivo e que sempre foi atencioso aos cuidados com a filha”.

Ainda no depoimento de Izabela, ela disse que “ficou combinado com Marcos que ele deveria informar a rotina da filha, bem como não tirá-la do convívio da menina”. Izabela argumentou que “nos primeiros dois meses Marcos manteve o acordo, a informando sobre tudo que acontecia na vida da filha”.

Marcos Vinicius Lino, pai de Quenia — Foto: Reprodução/TV Globo
Marcos Vinicius Lino, pai de Quenia — Foto: Reprodução/TV Globo

No entanto, ela diz que “após esses dois meses Marcos passou a dificultar o convício com e menina” e que fazia um ano que ela não tinha nenhum contato com a filha nem com Marcos.

Izabela de Oliveira Matos afirmou ainda que acredita que Patrícia “dificultou a aproximação com sua filha”. Já que, segundo a vendedora, a atual companheira do pai de Quênia tinha ciúmes da mãe da bebê.

A vendedora alegou que, por morar na Pavuna, na Zona Norte do Rio, a 50 quilômetros de distância de onde morava a filha, ela “sequer sabia o que acontecia com a vida” da menina e que só soube da morte pela televisão.

Médica denunciou o casal

O caso foi descoberto depois que a médica Ana Cláudia Regert examinou a criança na Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann, em Guaratiba.

Foi ela que identificou que não se tratava de um atendimento qualquer e que a criança já estava morta quando deu entrada na unidade de saúde.

“Quando me viram de jaleco começaram a gritar falando que ela não estava respirando. Retirei a criança e fui para parte interna da unidade para avaliar. Ela já estava desfalecida, em estado cadavérico, mostrando que, a meu ver, já tinha bastante tempo que tinha acontecido, não minutos, como eles tinham relatado”, contou Ana Cláudia.

A médica conta que ainda tentou reanimar a criança, sem sucesso, e que nesse momento se deu conta do que aconteceu com Quênia.

Ana Claudia Regert: tristeza e indignação pelo que viu no corpo da menina de 2 anos — Foto: TV Globo
Ana Claudia Regert: tristeza e indignação pelo que viu no corpo da menina de 2 anos — Foto: TV Globo

“Quando a gente colocou na maca e despiu para iniciar as manobras, era evidente que eram lesões que não tinham acontecido só ontem. Eram coisas que já vinham acontecendo há bastante tempo. Tinha lesões por queimadura, provavelmente de cigarro, no umbigo, área genital tinha alteração, tinha fissura anal, muitos hematomas no corpo de uma criança de 2 anos e 4 meses”, lembra emocionada.

Ana Cláudia fingiu que continuava atendendo a criança e correu até a delegacia para denunciar pai e madrasta.

O laudo médico constatou que Quênia Gabriela tinha 59 lesões por todo o corpo, principalmente no rosto e no abdômen, além de sinais de abuso sexual. Os hematomas, novos e antigos, revelaram uma rotina de agressão física e maus-tratos vivida dentro de casa.

Fonte: G1

Compartilhe
Facebook
WhatsApp
X
Email

destaques da edição impressa

colunistas

Cláudio Pissolito

Don`t copy text!

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.