Cerpal e agricultores contabilizam grandes prejuízos com furtos na zona rural de Palmital

O setor agrícola é a base da economia nacional e a infraestrutura rural é essencial para o seu desenvolvimento. Entretanto, a Cooperativa de Eletrificação Rural da Região de Palmital (Cerpal), responsável pela instalação e fornecimento de energia elétrica rural em vários municípios da região, assim como muitos dos agricultores associados, estão contabilizando enormes prejuízos causados pelos seguidos furtos em redes de distribuição e nos equipamentos das propriedades.

A preocupação com a situação foi manifestada pelo presidente da Cerpal, o agricultor José Montechiesi, que se queixou das perdas e transtornos causados pela continuada onda de furtos em instalações mantidas pela cooperativa em Palmital e nos municípios vizinhos. Ele contou que a destruição de transformadores para retirada de cobre está acontecendo com frequência e que a situação de insegurança no campo causa muitos prejuízos à entidade e aos agricultores.

Montechiesi disse que está buscando posicionamento das autoridades de Palmital para garantir a prevenção à criminalidade e medidas concretas que resultem no esclarecimento dos crimes, com o objetivo de punir os responsáveis pelos furtos. Ele revelou ao JC que, no mês passado, a insatisfação foi manifestada por meio de ofícios encaminhados ao Ministério Público da Comarca e à Polícia Civil.

Transformadores são destruídos para a retirada de cobre

O presidente da Cerpal disse que furtos recentes causaram grandes prejuízos à cooperativa e aos produtores que têm equipamentos subtraídos e são prejudicados nos trabalhos de irrigação e no uso dos abastecedouros comunitários, pois ficam impedidos de captar água para pulverização de lavouras. “Todos os casos foram objetos de boletins de ocorrência. Mas, até o momento, ficamos sem o respaldo das autoridades de segurança pública para coibir os crimes”, reclamou.

O presidente da cooperativa destacou que são necessárias medidas efetivas para identificar os ladrões e fiscalizar a atividade de receptadores. “Os furtos estão ocorrendo em toda a região e prejudicam os trabalhos no setor rural. E, estes crimes, certamente, são praticados por pessoas que conhecem eletricidade, pois ocorrem em transformadores ligados diretamente à rede de distribuição de média tensão”, avaliou Montechiesi.

Medidas adotadas não evitam crimes

A Cerpal, que tem aproximadamente 700 quilômetros de linhas de eletrificação rural, oferece importante serviço ao agronegócio ao garantir o fornecimento de energia em propriedades de oito municípios da região. Entretanto, os furtos comprometem a capacidade de investimento da cooperativa, que tem elevados custos para repor e reinstalar equipamentos furtados.

José Montechiesi, presidente da Cerpal

Como prevenção, informou Montechiesi, a Cerpal adotou algumas medidas como a substituição de materiais e equipamentos, usando peças a base de alumínio para tentar evitar a ação dos ladrões de cobre. Mesmo assim, lamentou, os criminosos continuam agindo e danificando as instalações e causando a paralisação do fornecimento de energia em diversas propriedades.

“Para evitar os furtos, alguns produtores estão instalando, por conta própria, caixas de metal que comprometem a segurança e a manutenção, pois não estão de acordo com as normas técnicas para instalações de eletricidade”, destacou Montechiesi. Segundo o presidente, cada transformador destruído resulta, em média, na subtração de 40 quilos de cobre que abastecem o comércio ilegal da reciclagem.

Muitos registros e nenhuma solução

De acordo com balanço da Cerpal, 8 transformadores foram destruídos por ladrões apenas nas entre o final de outubro e o início de novembro. Entre os dias 8 e 9 de novembro, dois equipamentos foram furtados em abastecedouros comunitários nas águas do Cedro e da Cascavel, em Ibirarema. Há outros registros anteriores em Palmital e todos os casos foram objetos de queixa na Polícia Civil, visando a apuração da autoria.

A Cerpal estima uma média de 15 furtos de transformadores a cada ano. A recorrência dos crimes, informou a cooperativa, representa prejuízo anual estimado em R$ 200 mil. Um dos associados, cuja propriedade foi atacada três vezes desde o ano passado, teve despesas superiores a R$ 100 mil para reposição de equipamentos em seu sistema de irrigação.

Ministério Público diz que atribuição é da Polícia

Em resposta à Cerpal, o promotor de justiça Raffaele de Filippo Filho informou que o caso não é de atribuição do Ministério Público, a menos que haja omissão ou ineficiência que configure ilegalidade, pois não cabe à promotoria determinar ou direcionar as medidas que devam ser tomadas pelos órgãos de segurança, que já intensificaram a vigilância na zona rural.

A resposta também citou que os crimes foram registrados por meio de Boletins de Ocorrência e que cabe à Polícia Civil a apuração dos fatos, incluindo que também o Município pode adotar medidas de melhoria da segurança pública com a instalação de câmeras, melhoria da iluminação e rondas. A resposta foi finalizada informando que o pedido de providências feito pela Cerpal seria oficiado às Polícias Civil e Militar e ao Município.

Prefeitura nunca investiu tanto em segurança, diz Luís Gustavo

Prefeito assinou com a PM um convênio para reforçar ações de segurança Pública em Palmital

O prefeito Luís Gustavo Mendes Moraes emitiu nota lembrando a mudança havida no meio social nos últimos anos e os investimentos feitos pelo Município no setor da segurança pública, que são inéditos em Palmital. Segundo ele, a Prefeitura trabalha em conjunto com as Polícias Civil e Militar garantido apoio e atendendo às reivindicações, incluindo um pacote de medidas com a adoção da Atividade Delegada, ao custo aproximado de R$ 150 mil ao ano, a reativação do Conseg, a instalação de câmeras de monitoramento à disposição dos órgãos de segurança e a criação do GPS Caipira, que facilita os deslocamentos pela zona rural e que possibilita o atendimento mais eficiente das forças policiais.

Polícias Civil e Militar respondem ao JC

PM – O comandante da Polícia Militar de Palmital, sargento Marcos Antônio Correia Campos, informou que a corporação faz patrulhamento diário pela zona rural por meio do programa Atividade Delegada, em parceria com a Prefeitura, lembrando que a extensão do município obriga a um revezamento de dias e de bairros, em turnos de 8 horas a serviço da administração municipal. Segundo ele, a PM faz deslocamentos à zona rural quando solicitada e que aguarda a chegada de uma caminhonete que será repassada pela Prefeitura por meio de convênio para reforçar o patrulhamento de campo.

CIVIL – O delegado Mateus Silva, da Polícia Civil de Palmital, afirmou que “todos os procedimentos registrados estão em investigação”.

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