A Justiça de Palmital condenou coletor de lixo Everton Amaral da Silva, de 29 anos, a 14 anos de prisão por esfaquear e matar a garçonete Pamela Gonçalves de Oliveira Geraldo, de 22 anos. O caso de feminicídio ocorreu em 13 de novembro do ano passado no Jardim Paulista, na região do bairro São José. A sessão do Tribunal do Júri, presidida pela juíza Lucillana Lua Roos de Oliveira, foi realizada na segunda-feira no Fórum da Comarca.
O julgamento, que inicialmente estava previsto para ocorrer em 28 de setembro e teve de ser adiado pela ausência justificada do promotor designado para o caso, foi acompanhado por familiares de Pamela. Os pais da jovem, o trabalhador rural Ronaldo Geraldo e a dona-de-casa Anna Angélica Gonçalves de Oliveira, que residem em Paraguaçu Paulista, vieram a Palmital juntamente com uma amiga da garçonete para acompanhar a sessão do Júri. Eles usavam camisetas com fotos da garçonete.

Após o sorteio do Conselho de Sentença, houve a leitura de resumo do processo e a tomada de depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação, além do interrogatório do réu. Posteriormente, ocorreu o debate entre o advogado Manoel Henrique Lopes da Cunha, que defendeu Everton, e o promotor Daniel Camacho Pontremolez. Ao final, os jurados deliberaram pela culpa do acusado no homicídio qualificado.
Depois que os jurados condenaram o réu, incluindo com as agravantes especificadas na denúncia do Ministério Público, a juíza fixou a pena básica de 12 anos (o tempo mínimo especificado pela lei, que prevê até 30 anos para homicídio) devido às condições atenuantes apresentadas pelo réu. Na segunda etapa da dosimetria da pena, a magistrada destacou as agravantes do emprego de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima para aumentar a condenação em 1/6, fixando o período total de reclusão em 14 anos.
Devido às características e qualificadoras do homicídio, ponderou a juíza, a pena que deve ser cumprida inicialmente em regime fechado. Cabe recurso da decisão tanto para a defesa do réu quanto para o Ministério Público da Comarca. Com a decisão do júri, Everton continua preso, pois estava sob a custódia preventiva desde que se entregou depois de praticar o crime, e deverá ser transferido para um presídio para o cumprimento da pena.
CRIME – Segundo relatório do processo, o crime ocorreu na residência do casal, localizada na rua Pernambuco. Conforme a denúncia, eles conviviam em relação estável havia cerca de 4 anos e estariam em processo de separação devido ao desgaste do relacionamento. No sábado, 12 de novembro de 2022, Pamela cumpriu sua rotina como garçonete em uma lanchonete e, após o expediente, teria permanecido no estabelecimento com colegas para “tomar umas cervejas e conversar”.
Pamela, inclusive teria avisado a Everton que chegaria tarde, conforme conversas de WhatsApp anexadas aos autos. A garçonete teria chegado em casa por volta das 3 horas de domingo (13 de novembro) e foi para o quarto, onde deitou na cama. O filho que Everton teve em outro relacionamento, de 11 anos, dormia em outro cômodo da casa. O réu, acreditando ter sido traído, pegou duas facas e atacou Pamela pelas costas quando ela estaria deitada de bruços.
A garçonete chegou a cair no chão ao tentar evitar os ataques, que continuaram até a sua morte. Posteriormente, o coletor trancou a porta do quarto e, se comportado como “nada tivesse acontecido”, dormiu na sala até a manhã, quando seu filho acordou. O acusado levou o garoto para a casa da mãe e teria visitado seus irmãos no domingo, mantendo-se em silêncio durante o dia todo sobre o crime, deixando o corpo de Pamela trancado no quarto.
No período da noite, Everton foi à igreja em companhia de seus familiares e, somente depois do culto, por volta das 23 horas de domingo (13/11), esteve na casa de sua mãe e confessou que tinha matado Pamela. Ele fugiu em seguida. Os parentes foram até a sede da Polícia Militar para relatar os fatos e levaram os policiais até a casa onde houve o encontro do corpo da garçonete, que deixou uma filha de outro relacionamento.
Como não houve a localização imediata de Everton, policiais encaminharam seus familiares à Delegacia de Palmital. Durante o registro da ocorrência, por homicídio qualificado, policiais fizeram diligências e mantiveram incessante negociação por telefone com o acusado, que concordou em se entregar na unidade policial para ser autuado. Um dia depois, o coletor teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e permaneceu preso até o julgamento.