Comerciante assassinado após descobrir traição levou 11 facadas, aponta laudo

g1 teve acesso ao laudo pericial da cena do homicídio do comerciante Igor Peretto, de 27 anos. O documento revelou que a vítima foi assassinada com 11 facadas no apartamento da irmã, Marcelly Peretto, em Praia Grande (SP). No momento do crime, no dia 31 de agosto, Marcelly e o marido dela, Mario Vitorino, estavam no imóvel. A viúva Rafaela Costa também esteve no local, mas foi embora antes do esposo e de Mario, de quem era amante, chegarem no apartamento.

Marcelly e Rafaela foram presas no dia 6 de setembro. Já Mario foi encontrado e preso no último domingo (15/09) na casa de um tio da amante em Torrinhas (SP). Ele já foi trazido à Baixada Santista, onde segue detido. Os três são suspeitos no assassinato.

O laudo, obtido pela reportagem, detalha as lesões de Igor: sete facadas na região peitoral, uma na testa, uma no lado direito do rosto, uma próxima à orelha direita e uma nas costas.

A PM foi acionada pela síndica do prédio após ela ter ouvido muito barulho e não ter conseguido contato com Marcelly, a dona do apartamento. No local, os policiais precisaram forçar a entrada no imóvel e se depararam com um cenário de violência, de luta corporal, com muito sangue e o corpo de Igor no quarto.

Manchas de sangue

Marcas de sangue encontradas no apartamento de Marcelly Peretto, no dia da morte do irmão, Igor Peretto — Foto: Laudo pericial

Marcas de sangue encontradas no apartamento de Marcelly Peretto, no dia da morte do irmão, Igor Peretto — Foto: Laudo pericial

Segundo o laudo, as manchas de sangue foram os principais vestígios encontrados pela perícia. Elas estavam no corredor do prédio e dentro do apartamento.

Do lado de fora do imóvel se apresentavam como pingos. Eles estavam na escadaria entre o 4ª andar, onde mora Marcelly, e o 2º andar. De acordo com o documento, essas informações sugerem que o suspeito foi ferido, o que pode ajudar nas investigações por meio de exames de DNA.

No interior do apartamento, as manchas estavam espalhadas por vários cômodos, principalmente na sala, cozinha, corredor e suíte, onde o cadáver foi encontrado. O laudo aponta que os sinais encontrados indicam uma luta intensa pelo imóvel.

A faca usada no crime

Mario Vitorino abraça Marcelly Peretto (à esq.) após assassinato do irmão dela; faca usada no crime (à dir.) — Foto: Reprodução e polícia civil

Mario Vitorino abraça Marcelly Peretto (à esq.) após assassinato do irmão dela; faca usada no crime (à dir.) — Foto: Reprodução e polícia civil

A faca, considerada pela perícia como provável instrumento usado no crime, estava coberta de sangue e foi encontrada no chão do banheiro social. Ela tem 36 cm de comprimento total, 23 cm de lâmina pontiaguda e uma largura máxima de 5 cm.

Após ser examinada para coleta de impressões digitais, o perito responsável concluiu que a faca, pela natureza de suas características, era capaz de causar as lesões observadas no cadáver.

O documento revelou, ainda, que a ponta da lâmina estava ligeiramente entortada, o que sugere que a faca pode ter sido usada com força considerável durante o ataque.

Sinais de luta

A porta do guarda-roupa na suíte, onde o corpo foi encontrado, estava danificada e tombada. Tal situação pode sugerir uma briga intensa no local, de acordo com o perito.

Outro aspecto que chamou a atenção: os danos nos batentes das portas do banheiro e do quarto entre o banheiro e a suíte. Eles apontam, de acordo com o documento, para uma tentativa de arrombamentos. Entretanto, não foram encontrados fragmentos de madeira, o que pode dar a entender que os danos seriam anteriores.

Mario, o último preso

Mario Vitorino chegou a Praia Grande (SP) na tarde de terça-feira (17/09), após mais de duas semanas foragido. O repórter cinematográfico Fábio Pires, da TV Tribuna, afiliada da Globo, registrou o momento em que ele entrou na Delegacia de Investigações Gerais (DIG).

O cunhado e sócio de Igor foi preso na manhã de domingo, no interior paulista. Ele estava escondido na casa de um tio de Rafaela, viúva de Igor e amante de Mario. Tanto Rafaela quanto a irmã da vítima, Marcelly Peretto, já haviam sido detidas.

Mario era procurado desde 31 de agosto, data em que Igor foi morto. Depois de ter sido preso pela PM, ele foi conduzido à Delegacia Seccional de Rio Claro (SP), onde passou por audiência de custódia, na segunda-feira (16), e teve a prisão mantida pelo juiz.

A prisão só foi possível graças às informações que o irmão da vítima, o vereador Tiago Peretto, recebeu em forma de denúncia anônima sobre o paradeiro do cunhado. Embora o suspeito ainda seja casado com Marcelly, eles não estavam mais juntos, e sequer moravam no mesmo apartamento.

Legítima defesa

O advogado criminal Mario Badures, que faz a defesa de Mario Vitorino, disse que, com base nos depoimentos prestados por Marcelly e Rafaela à polícia, houve uma luta corporal no apartamento e Igor teria investido contra o suspeito, que usou uma faca para se defender.

“Eu só posso me manifestar sobre isso [o que ocorreu] após ter acesso aos autos. O processo está em segredo. Não quero me antecipar de nada, mas é um caso claro clássico e evidente de legítima defesa“, afirmou Badures.

“Detalhes dessa dinâmica, como que foi, como não foi, ai não consigo [dizer]”. Bardures ressaltou que a defesa pretende colaborar com a investigação e assegurar que a tese da legítima defesa seja compreendida.

Ainda segundo o advogado, Mario está com hematomas no corpo devido à luta com Igor o dia do crime e que requisitou um novo exame de corpo de delito. O defensor também citou que o cliente tem um ferimento profundo em uma das mãos.

Quem matou Igor?

Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto — Foto: Reprodução e Redes sociais

Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto — Foto: Reprodução e Redes sociais

A Polícia Civil ainda não informou quem matou Igor, encontrado morto no dia 31 de agosto. O que se sabe é que, dentro do apartamento onde ocorreu o crime, estiveram Igor, Rafaela Costa (esposa de Igor), Marcelly Peretto (irmã de Igor) e Mario Vitorino (marido de Marcelly).

De acordo com os depoimentos, Rafaela tinha um caso com Mario. Além disso, o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que a irmã de Igor e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.

Cronologia do crime

  • O que se sabe sobre a cronologia do crime até o momento:
    04:32:38 – Marcelly e Rafaela chegam de carro ao prédio de Marcelly;
    05:40:17 – Rafaela vai embora do apartamento de Marcelly;
    05:42:27 – Rafaela deixa o local com o carro;
    05:42:40 – Mario e Igor chegam ao prédio de Marcelly;
    05:44:40 – Mario e Igor saem do elevador em direção ao apartamento de Marcelly;
    06:04:31 – Mario e Marcelly saem do apartamento pelas escadas e acessam o subsolo, logo após o homicídio;
    06:05:03 – Mario e Marcelly saem pela rampa do subsolo e vão em direção ao carro dele;
    06:05:25 – Mario e Marcelly partem de carro em direção ao apartamento dele;
    06:11:29 – Mario e Marcelly chegam ao prédio dele;
    06:16:44 – Mario e Marcelly deixam o prédio dele e fogem;
    08:48:00 (aproximadamente) – Mario e Marcelly se encontram com Rafaela em um posto na Rodovia Governador Carvalho Pinto, no km 124, em Caçapava (SP), onde a viúva abandonou o carro e embarcou no carro do amante, onde já estava a irmã da vítima;
    09:47:42 – Mario, Marcelly e Rafaela chegam em Campos de Jordão (SP), onde a irmã da vítima teria entrado em um carro por aplicativo e retornado para Praia Grande;
    12:28:00 – Mario e Rafaela se hospedam em um motel em Pindamonhangaba (SP), onde permanecem até 15h37. No mesmo dia, abandonam o carro dele no Centro da cidade.
Mario foi conduzido à delegacia de polícia no interior de SP no domingo (15) — Foto: Reprodução

Mario foi conduzido à delegacia de polícia no interior de SP no domingo (15) — Foto: Reprodução

Últimas imagens de Igor

g1 teve acesso às últimas imagens do comerciante com vida. Os vídeos mostram os três suspeitos e a vítima chegando ao apartamento onde ocorreu o crime. Primeiro, chegam Marcelly e Rafaela, mas a viúva deixa o apartamento antes de Mario aparecer com Igor (assista o vídeo acima).

Nas imagens, obtidas pelo g1, é possível ver Rafaela e Marcelly chegando de carro e subindo de elevador até o apartamento da irmã da vítima, por volta das 4h30. A esposa de Igor deixou o local sozinha, cerca de dez minutos depois, antes da chegada dos homens.

Igor e Mario também foram filmados chegando de carro ao prédio, às 5h42. A dupla subiu de elevador aproximadamente dois minutos depois. Na ocasião, o comerciante parecia questionar o cunhado antes de acessar o imóvel da irmã. Este é o último registro dele, feito pelas câmeras de monitoramento.

Mario e Marcelly são casados no papel, mas já não estavam mais juntos. O crime aconteceu no imóvel dela, onde foram filmados saindo às 6h04. O casal desceu pelas escadas, foi até o subsolo e deixou o prédio a pé pela garagem.

De lá, os dois foram de carro para o apartamento de Mário, que fica a poucos quilômetros de distância do local do assassinato. Eles chegam ao prédio às 6h11, ficaram aproximadamente cinco minutos e saíram segurando bolsas e outros objetos.

A Polícia Militar foi acionada pela síndica. Com a ajuda de um chaveiro, solicitado por ela, a porta foi aberta e os agentes notaram sinais de sangue no corredor. Eles encontraram o corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela.

Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP) — Foto: Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais

Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP) — Foto: Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais

Carro localizado

Segundo apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, o carro utilizado por Mario foi localizado por policiais civis de Praia Grande perto de uma agência dos Correios em Pindamonhangaba. Após uma perícia, ele foi levado à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, na noite de 5 de setembro.

As imagens gravadas pelo repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, mostram que o câmbio e o banco tinham marcas que, aparentemente, são de sangue. Uma garrafa com marcas parecidas também foi encontrada jogada no chão do veículo.

Fonte: g1

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Cláudio Pissolito

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