Concurso de grosseria

Desde a entrada do ex-presidente Bolsonaro na disputa de eleição majoritária, quando em 2018 se elegeu para o cargo máximo da política nacional usando retórica agressiva, deselegante, ofensiva e até debochada, cujo método foi replicado no exercício conturbado do mandato, muitos de seus seguidores e também alguns adversários adotaram a mesma estratégia.

Mais do que uma forma de se comunicar, o deboche e a ofensa são meios de não responder a perguntas difíceis e de intimidar os interlocutores, que são constrangidos pela deselegância e incapacidade do entrevistado de manter a compostura.

A utilização deste método tacanho, comum nos tempos do coronelismo, quando a intimidação era o principal requisito dos candidatos que detinham o domínio pela força da ameaça e pelo poder econômico, lamentavelmente voltou como pauta nas campanhas dos mais incapacitados que ganham popularidade junto a seus iguais.

Em vez de escolher os mais capacitados, os mais preparados, aqueles que de fato detêm as qualificações necessárias para os cargos, em muitas vezes os eleitores mais simples se deixam levar pela retórica rasa e fácil e, em vez de eleição, promove-se um festival de maledicências.

“…o deboche e a ofensa são meios de não responder a perguntas difíceis e de intimidar os interlocutores…”

Neste início das campanhas nos munícipios para a sucessão nas prefeituras e nas câmaras legislativas, é fundamental que o eleitor seja mais observador e exigente, sob pena de ver o pleito, que representa a expressão máxima da democracia, transformado em mero espetáculo de baixo nível político e moral.

Afinal, a escolha de prefeitos e vereadores interfere diretamente no destino das cidades em suas prioridades como educação, saúde, habitação, urbanismo e agricultura e meio ambiente, setores que necessitam de pessoas capacitadas, habilitadas e, principalmente, equilibradas para administrar conflitos e interesses.

Candidatos que se utilizam de frases feitas, muitas delas copiadas, que repetem o nome de Deus em vão, desrespeitando um mandamento da Igreja Católica e normas de outras religiões, ou que simplesmente atacam e ofendem adversários sem qualquer fundamentação, são exemplos de péssimos alunos da pior política que desejam o poder.

Para a evolução da política, da sociedade, dos valores e dos princípios elementares é preciso decência, compostura, elegância, sabedoria e capacidade de falar a verdade sem agredir, sob pena de transformar o pleito municipal em concurso de grosseria.

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Cláudio Pissolito

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