Conselhos tutelares politizados

A iniciativa de universalizar a escolha de membros dos conselhos tutelares dos municípios por meio de pleitos abertos a todos os eleitores, assim como a unificação da data, que ajuda a aumentar a participação devido à divulgação mais eficiente, representa uma interessante experiência democrática, mas também traz as defecções do sistema político. As escolhas, no caso de profissionais ligados à área social e de conhecimento do universo de crianças e adolescentes, que deveriam ser pautadas pela verificação e análise do currículo dos candidatos, sofrem também a contaminação partidária e ideológica.

Mais do que o envolvimento de políticos nas campanhas, alguns para testar a própria popularidade e outros com o objetivo de obter apoio futuro de componentes do órgão, o viés ideológico também apareceu em muitas cidades e está sendo mensurado até mesmo em nível nacional. Reportagens na grande imprensa sobre a “vitória” da chamada direita, que teria conseguido eleger mais candidatos que receberam apoio de seus representantes, confirmam a tese de que, lamentavelmente, a questão ideológica interfere de forma nociva em praticamente todas as instituições públicas, causando divisões prejudiciais.

“…a questão ideológica interfere de forma nociva em praticamente todas as instituições públicas…”

Além da politização em nível nacional, que buscou mais uma vez o nefasto embate entre os dois grupos que se autodenominam como de direita e esquerda, ambos com histórico de muita corrupção e desmandos no exercício do poder político, também nos pequenos municípios foi possível observar as interferências nas eleições. Prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e futuros candidatos se envolveram e descaracterizaram campanhas que deveriam ser pautadas pela competência para o cargo e não pelo posicionamento político-partidário e ideológico do candidato a exercer funções meramente técnicas.

A observação do fenômeno verificado nos dois últimos pleitos eleitorais em nível nacional, e que parece se manter e até mesmo se aprofundar, indica a necessidade de mais equilíbrio e cautela por parte da classe política, assim como mais atenção da sociedade que se torna vítima das posições radicalizadas. Afinal, o antagonismo exacerbado não aceita o diálogo, não respeita a opinião e as posições contrárias, não dá sequência a obras e muito menos a políticas públicas e, infelizmente, já está conspurcando outras áreas, como mostra a tentativa de se criar conselho tutelares politizados.

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Cláudio Pissolito

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