“…países mais desenvolvidos estão deixando de explorar recursos naturais, como o petróleo, para investir em energia e processos limpos.”
Nos planos de governo de prefeitos do interior constam, invariavelmente, a criação de Distrito Industrial ou incentivo à instalação de grandes empresas para geração de empregos. Em qualquer pesquisa feita em pequenas cidades, entre as primeiras reivindicações da população certamente aparecem a instalação de empresas industriais para ocupação da mão-de-obra. Portanto, a industrialização das pequenas e médias cidades ainda é uma promessa e um sonho inatingível, considerando que o país não possui política industrial e que essa atividade é a que menos cresce, ou a que mais se reduz.
O modelo industrial clássico, baseado na transformação de matéria prima em produtos de consumo, quase sempre utilizando margens de rios para instalação das unidades como forma mais simples e barata de livrar-se dos rejeitos poluentes, ainda é o que prevalece. Mesmo quando o mundo já se prepara para a quarta revolução industrial, baseada na chegada da internet 5G, que deverá transformar em definitivo as formas de produzir, comercializar e entregar bens e serviços, muitos ainda apostam nos processos criados no início do século passado.
Os exemplos de sistemas industriais e de transformação atrasados, que utilizam recursos naturais como depósito de rejeitos, aumentando a degradação ambiental e causando a morte de rios e a poluição do ar e das águas, devem ser revistos de imediato, já que os países mais desenvolvidos estão deixando de explorar recursos naturais, como o petróleo, para investir em energia e processos limpos. Essa nova filosofia pode e deve ser implantada nas indústrias existentes, assim como deve obrigatoriamente servir de parâmetro para os novos projetos.
Os exemplos são muitos e bastante didáticos, como é o caso da indústria canavieira, a principal geradora de empregos da região. Até o início dos anos de 1990, as usinas despejavam o conhecido vinhoto nos riachos, faziam a queima da cana nas lavouras e descartavam grande parte dos resíduos como o bagaço e as folhas. Menos de 30 anos depois, o que era poluição se transformou em fertilizante natural de baixo custo, as queimadas que poluíam o ar foram substituídas pela colheita mecânica e os resíduos produzem energia elétrica que servem à própria indústria. Portanto, o segredo do sucesso é apostar na modernidade e, em vez de atrair indústrias atrasadas, transformar as cidades em polos de tecnologia.