“…o preconceito e o machismo está arraigado na cultura social brasileira…”
Não obstante às alterações na legislação para aumentar a proteção às mulheres e punir os agressores, como a Maria da Penha e o endurecimento do Feminicídio, que agora prevê mais tempo de reclusão para os criminosos, a condição da mulher na sociedade ainda deixa muito a desejar pelos mesmos motivos de sempre.
Vítimas do chamado preconceito estrutural, aquele que está enraizado na cultura da sociedade paternalista e misógina, que as mantêm como coadjuvantes ou até mesmo cidadãs de segunda categoria, as mulheres sofrem com o machismo replicado na formação das novas gerações, incluindo as próprias mulheres.
São inúmeros os exemplos de manifestações de desrespeito e preconceito a que as mulheres são expostas diariamente, seja na simples forma de se vestir ou no sagrado direito de ir e vir com segurança e sem qualquer forma de abordagem ou assédio.
Assim como acontece sistematicamente na vida social e cotidiana, as mulheres também sofrem discriminação nas atividades escolares e profissionais, quase sempre relegadas em suas competências e capacidades apenas pela condição de gênero, muitas vezes considerado inferior ou incapaz em comparação aos homens que permanecem dominantes.
Exemplo de que o preconceito e o machismo está arraigado na cultura social brasileira aconteceu esta semana no campo da política, justamente na casa mais representativa do sistema democrático nacional, que é o Senado Federal.
Convidada a falar sobre a criação de unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, região de interesse para exploração de petróleo, a ministra Marina Silva, conhecida internacionalmente como especialista e defensora da proteção ao meio ambiente e aos recursos naturais, foi abruptamente desrespeitada como mulher e como autoridade pública pelos próprios anfitriões.
As cenas grotescas de misoginia, machismo e preconceito protagonizadas por senadores da república contra uma mulher negra, pobre, evangélica e ambientalista foi apenas mais uma prova de que a discriminação de gênero é bastante acentuada até mesmo em recintos que devem, obrigatória e institucionalmente, prezar pelo decoro e pela urbanidade.
Afinal, a capacidade de debater ideias, divergir com elegância e bons argumentos e agir com respeito aos demais deve ser premissa para todos, notadamente a quem ascende em cargos eletivos, principalmente aqueles que tem como lema Deus, Pátria e Família.
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