“…a condescendência dos seguidores para com seus líderes é, provavelmente, o maior defeito da democracia…”
A pouco mais de ano das eleições municipais de 2024 já acontecem as primeiras reuniões, a formação de grupos e as filiações daqueles que pretendem mudar de partido ou dos que pretendem estrear na atividade que, em vez de representar apenas o interesse do cidadão em contribuir com sua cidade, as vezes se perde na busca pelos cargos e, consequentemente, pelo poder. Assim como a política nacional é exercida de forma equivocada, como profissão ou, muito pior, como negócio que flerta até com a crime por conta da corrupção e da malversação do erário, nas cidades o fenômeno se repete.
A polarização entre as posições ideológicas identificadas como de direita e de esquerda, que fazem dos grupos antagônicos grandes inimigos e comprometem a governabilidade do país, também é replicada nas pequenas comunidades com número reduzido de eleitores, cuja divisão se dá pela rivalidade permanente, também prejudicial às administrações municipais. Assim como no plano nacional os partidos derrotados não trabalham pela melhoria do país, para que sejam alternativas no próximo pleito, nas cidades também existe a oposição destrutiva e raivosa, usada apenas para criar obstáculos aos eleitos.
Contrariando a sábia filosofia de Albert Einstein, para quem o ideal político sempre foi a democracia, para que todo homem fosse respeitado como indivíduo e nenhum venerado como Deus, a mesma democracia passou a criar as lideranças incontestes, os chamados líderes mitológicos para os quais tudo é permitido, inclusive maldizer, prevaricar ou degenerar. Portanto, a complacência e a condescendência dos seguidores para com seus líderes é, provavelmente, o maior defeito da democracia participativa que tem como objetivo a alternância no poder, mas que quase sempre não é aceita.
Sem perceber que a atividade política, principalmente a democracia, é um sistema de governo que permite a participação indiscriminada de todos os cidadãos, seja como eleitores, candidatos ou eleitos, muitos se insurgem contra essa conquista da humanidade que evita os absolutistas monárquicos, as oligarquias e, principalmente, as ditaduras, garantindo a vontade da maioria e a alternância permanente do poder. Assim sendo, todas as práticas utilizadas para minar os valores e princípios democráticos, seja por meio de atitudes violentas ou com subterfúgios camuflados de legalidade, não passam do exercício da política do atraso.
