“…é preciso reduzir muito as desigualdades sociais e econômicas…”
A história do Brasil, incluindo a descoberta, a independência, a abolição da escravatura, a república e muitos outros fatos relevantes, como o Estado Novo, de Getúlio Vargas, a Revolução Militar, de 1964, a redemocratização, de 1985, até os dias atuais, está eivada de incongruências, falsificações e parcialidades que atendem aos interesses de cada época. Qualquer análise isenta, independente e séria constata que muito do que se publica e se ensina não passa de uma espécie de fantasia oficial que atende ao sistema político implantado no tempo da colônia e que se mantém garantindo privilégios às minorias.
A cultura da elitização do mando, seja político, econômico, intelectual ou hereditário, permanece como base das políticas institucionais do país e condena a grande maioria da população à eterna condição subalterna que leva à pobreza e à ignorância e, consequentemente, à miséria material e humana. Não obstante às experiências negativas e à decadência socioeconômica continuada e comprovada em todos os momentos históricos marcados pelas mudanças, o chamado “mecanismo”, que protege mais aos interesses do poder constituído do que a sociedade, permanece ativo e operacional.
As provas da nossa dependência do sistema, que comprovam a ausência de verdadeira independência, são inúmeras e notórias ao se observar a manutenção da pobreza ao longo do tempo, a decadência educacional, o aumento da violência, do consumo de drogas e de falta de moradia adequada e também de segurança. Afinal, não se pode considerar independente um país autossuficiente em petróleo e refém de seus derivados cotados a preços internacionais; exportador de grãos e de matéria-prima industrializada, recomprada a preço multiplicado para gerar emprego e lucro no exterior, cujas políticas garantem apenas a concentração da renda.
Para de fato alcançar e comemorar com verdade a Independência do Brasil é preciso reduzir muito as desigualdades sociais e econômicas, oferecer educação e saúde de qualidade e universalizadas, garantir vida digna àqueles que trabalham e aos que necessitam e, principalmente, fazer com que os poderes constituídos estejam a serviço da sociedade e não o contrário. Essa equação nefasta só vai se inverter no dia em que a corrupção for punida exemplarmente, que os privilégios forem extintos, que a malversação for criminalizada e que a honestidade, a ética e a moral sejam reconhecidas.
