Editorial JC – Rotas do crime

“…as estradas que deveriam servir à população e atender à demanda da agricultura servem para criminosos que se aproveitam da ausência de fiscalização…”

O tiroteio entre policiais militares de Palmital e um grupo de assaltantes, no trevo de acesso à rodovia Nelson Leopoldino pela vicinal João Izidoro Leandro, que liga Cândido Mota à ponte Manoel Leão Rego, pela zona rural de Palmital, prova a utilização da estrada como rota de fuga de criminosos, em situações que se repetem desde o asfaltamento da via. Os acessos alternativos, praticamente sem fiscalização e com pouco tráfego e moradores nas imediações, e que ligam várias vicinais ao Anel Viário de Cândido Mota, incluindo a citada vicinal, facilitam o deslocamento de veículos clandestinos, sem documentos ou usados na prática de crimes.

Assim sendo, as estradas que deveriam servir à população e atender à demanda da agricultura, sempre carente de vias seguras e rápidas para deslocamentos, servem para utilização de criminosos que se aproveitam da ausência de fiscalização, uma vez que o número de policiais rodoviários é cada vez menor. Portanto, o asfaltamento de vicinais deve, necessariamente, ser acompanhado de equipamentos de segurança, como a fiscalização eletrônica e o policiamento presencial, que podem inibir o uso das vias para tráfico, fuga ou desova de produtos e veículos roubados e furtados.

O fenômeno do abandono das vias rurais é antigo e causa do êxodo populacional para os centros urbanos, uma vez que a redução de moradores facilita a ação de criminosos que atacam sítios e fazendas para roubar ou furtar máquinas agrícolas, equipamentos e insumos, todos de elevado valor e de fácil comercialização. Diante do crescimento da violência rural e da falta de resposta das autoridades incumbidas de oferecer proteção às pessoas, a sociedade se torna refém do crime, na cidade ou no campo, pois o desenvolvimento faz com que o cidadão honesto se torne vítima preferencial.

Considerando que o aumento da população urbana não representa necessariamente o progresso material e humano, que a abertura de vias não garante apenas a facilitação do transporte e que o enriquecimento rural serve de atrativo para a criminalidade, resta apenas exigir que as políticas públicas de segurança sejam revistas imediatamente. Assim como os bandidos estão tomando cidades de assalto, fazendo as pessoas reféns e explodindo agências bancárias, as propriedades rurais servidas pelas vias de acesso de melhor qualidade também se tornam alvos do crime que tem suas rotas facilitadas. 

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Cláudio Pissolito

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