Editorial – Terror e ódio nas escolas

“…ódio alimentado pela falta do necessário exercício do contato com a diversidade…”     

O fenômeno macabro de ataques a escolas com execução de alunos e professores, antes restrito aos Estados Unidos e que sempre foi atribuído à facilidade naquele país em se adquirir armas, disponível em abundância e sem muitas exigências, agora chega ao Brasil e se transforma em mais uma preocupação da sociedade. Os seguidos casos, em várias cidades e estados do país, mostra que não se tratam de casos isolados, mas sim de um sintoma grave, cuja causa é de difícil diagnóstico, principalmente se houver politização dos fatos.

A mudança de comportamento da sociedade, baseada no estímulo ao individualismo, ao consumismo e à competição, torna as pessoas cada vez menos integradas e colaborativas, o que impede de que seja alcançado mais facilmente o conhecimento e o respeito ao outro. A redução do número de filhos, que torna as famílias mais voltadas ao interesse econômico do que à integração social, o advento da internet, que resume o mundo e as relações sociais a uma simples tela de computador ou de celular, assim como o uso individual de veículos, são exemplos de manifestação do egoísmo social.

Isoladas em suas casas, em seus computadores, em seus automóveis ou nas suas abstrações, sem qualquer compartilhamento ou enfrentamento ao contraditório, as pessoas perdem o contato com o cotidiano que permite a troca, a observação, a comparação e o entendimento dos demais. E o individualismo regado e aumentado faz com que seja cultivado o preconceito pela não aceitação das diferenças, assim como o ódio alimentado pela falta do necessário exercício do contato com a diversidade humana que evita a discriminação entre as pessoas de diferentes origens e orientação política, religiosa ou sexual.

Exemplos atuais do individualismo social se constatam no confinamento de jovens em seus quartos para o contato externo virtual, que pode ser deletado diante da menor contrariedade, a redução do tamanho das moradias que fez surgir os “estúdios” para uma pessoa, o fim dos clubes sociais que reuniam grandes grupos de lazer, a violência nas ruas que impede a convivência e até mesmo a adoção de animais de estimação, mais dóceis e benevolentes. Com as mudanças que podem levar ao egocentrismo, o controle da raiva não é exercitado e as diferenças não são vivenciadas, principalmente pelos mais jovens que têm as escolas como referência social e que as fazem de alvo do ódio incontido. 

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Cláudio Pissolito

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