Elisangela Portilho é exemplo de resiliência nos cuidados com o filho e na superação de doença, além da dedicação a cursos de profissionalização
A função materna na sociedade atual, mesmo com as conquistas femininas das últimas décadas, ainda é marcada por muitos desafios. E o poder de resiliência de muitas mães é modelo de superação e de persistência na dedicação à família e à comunidade.
Um dos exemplos, cuja história é retratada neste domingo (14/05) pelo JC Online em homenagem ao Dia das Mães, é Elisangela Cândido Portilho Menezes de Siqueira, de 41 anos, que administra os cuidados com o filho autista e, mesmo em meio ao tratamento de câncer, passou a compartilhar seus conhecimentos em cursos de profissionalização em Palmital.
Filha de palmitalenses, Elisangela nasceu em 1982 na cidade de Cândido Mota e passou a maior parte da infância residindo na zona rural. Aos 7 anos, ela se mudou com a família para Palmital e cursou a educação básica na escola Elisabete Soares Garcia, concluindo o ensino médio na Adalgisa Cavezzale de Campos.
Ela se casou aos 22 anos com o motorista Augusto Menezes de Siqueira, com quem teve os filhos Maria Eduarda Portilho de Siqueira, de 17 anos, e João Pedro Portilho de Siqueira, de 7.
Elisangela passou muitos anos trabalhando como manicure, ofício que aprendeu com uma amiga. Mais recentemente, como forma de mudança pessoal, deixou o ramo da beleza e passou a cozinhar e confeitar alimentos a partir dos conhecimentos adquiridos com mãe Anésia Cândido.
“Eu sempre fui manicure, mas eu fui me afeiçoado pela panificação e tudo foi começando com muito amor. A cada dia havia uma nova inspiração e uma receita de família para fazer algo diferente”, lembrou a confeiteira ao falar da paixão pela culinária.
Mesmo com a rotina de trabalho, Elisangela teve de passar a entender e a conviver com o autismo do filho. “Quando João Pedro tinha 2 anos e meio, percebemos o atraso na fala. E, assim, procuramos os médicos. Tivemos muitas portas fechadas, até que encontramos o doutor Clay Brites, em Londrina, para conseguir o diagnóstico”, contou.
“Eu vejo como um privilégio poder ter um filho que me ensina todos os dias. O que mais me alegra é saber que, após o laudo do autismo, o quanto ele está se desenvolvendo e sendo feliz”, completou.
Há pouco mais de dois anos, Elisângela passou a enfrentar uma nova batalha, desta vez pela própria vida, com o diagnóstico de um câncer de mama. “Eu estava atrás do tratamento do meu filho. E, no meio de tudo, veio a confirmação da minha doença. Tive que deixar meus filhos por alguns períodos e ir na busca da cura, pois não tinha outra opção. E neste momento minha mãe me deu a mão, junto com todos de minha família. E eu fui e venci a doença”, disse.
Elisangela destacou a importância de poder compartilhar a experiência da doença para incentivar outras mulheres a buscar a cura, principalmente por ter passado por quimioterapia e por uma cirurgia radical com esvaziamento de axilas. Mesmo assim, a confeiteira manteve-se em atividade e, durante o tratamento, passou a ministrar cursos na Padaria Artesanal na região do bairro São José, atendendo ao convite da vice-prefeita e presidente do Fundo social Ana Elisa Martins Elias da Silva.
“Quando eu recebi a notícia da doença, achei que não conseguiria. Mas levantei a cabeça e segui com toda a minha fé. Em todo o momento recebia carinho de amigos e familiares, que me davam força. No decorrer da quimioterapia também passei a ministrar cursos a convite da Ana Elisa. Eu lutei com toda a minha forca pra vencer, pois tenho dois filhos e preciso dar o segmento da vida pra eles. E venci”, comemorou.
SONHO REALIZADO
“Eu tive a oportunidade de transmitir às pessoas o que eu amo fazer. Durante os cursos, me completei como ser humano”, avaliou, lembrando que, no ano passado, pode realizar um sonho. “Na véspera do Dia das Crianças a Ana Elisa me permitiu realizar uma oficina para a garotada do Cras do São José. Vestida de Emília, fiz os biscoitinhos com as crianças. Foi um dos dias mais felizes da minha vida”, revelou ela, que atualmente se recupera de uma cirurgia de retirada do útero. “Agora, eu não sei quando poderei voltar aos cursos, mas estou à disposição”, finalizou.
