O Antigo Testamento é taxativo no segundo mandamento do Decálogo: “não pronunciarás em vão o nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixará impune aquele que pronunciar em vão o seu nome” (Ex 20,7; Dt 5,11), assim como Catecismo, n. 2148 que considera a citação inadequada de Deus configurada como blasfêmia, que consiste em recorrer ao nome para justificar crimes contra uma pessoa e ou contra povos.
Reconhecida e adotado por quase todas as religiões cristãs, a Bíblia não deixa dúvida quanto à importância do nome para uso em vão, seja no cotidiano, com banalidade ou para temas sem importância no contexto do sagrado.
Não obstante às regras estabelecidas desde sempre pelas escrituras sagradas que regem o cristianismo, o ato de abençoar também deixou de ser privilégio dos iniciados, como padres, pastores e freiras, e também dos pais, avós, tios e padrinhos, para se tornar quase uma despedida protocolar usada de forma trivial.
Portanto, a sagrada Benção de Deus, até então restrita a poucos para fundamentar sua importância, se popularizou de forma exagerada e sem o sentido religioso profundo que deve ser adotado sempre diante da simples pronuncia para invocação do Criador.
“…quando o político começa o discurso em nome de Deus, é porque se encontra vazio de propostas…”
Mas o nome de Deus não foi apropriado indevidamente apenas no cotidiano, nos agradecimentos informais ou em citações aleatórias, pois muitos falsos profetas o usam para enganar e extorquir, enquanto a outros serve para constranger e até para dissimular, infringindo conscientemente o mandamento divino.
Recentemente, o santo nome foi cooptado também pelo vocabulário político, cujos líderes e oradores abrem suas falas agradecendo a Deus, fazendo dele o coautor dos discursos desconexos da realidade, mas intercalados de seu nome para alcançar a credibilidade pretendida.
Entretanto, é preciso lembrar que Deus não é, e jamais será, avalista de milagreiros e de seus atos falsos, e muito menos das promessas impossíveis que são vendidas como factíveis para o público incrédulo da fala do homem e crente na força divina.
Uma máxima recente da política realista ensina que, quando o político começa o discurso em nome de Deus, é porque se encontra vazio de propostas e ideias que possam ser oferecidas como viáveis para os homens, pois a religião deve ser praticada em particular, na paz do lar ou no chão sagrado dos templos, e não sobre palanques onde, invariavelmente, também reside a mentira e a ilusão.
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